Divinas Tretas #8
Newsletter sobre maternidade real. Com dicas do peito do Rio e do mundo. Afinal, nem tudo é treta. Ou é?
Antes de tudo, muito obrigada por estar aqui!
Aviso: tudo que estiver em azul é link (pode clicar).
“Tchubaco” da Mamãe
Oi, sou o sovaco da moça que escreve aqui nessa newsletter. Tudo bem com vocês? Peço licença pra contar a minha história que é sobre superação, desafios e amor. Assim como a maternidade.
Tudo começou na infância quando eu era lisinho e cheiroso. Naquela época muita gente gostava de encostar os dedinhos em mim. Durante a puberdade, passei boa parte do tempo escondido atrás de alguma roupa, exceto no verão. Mas aí, vieram os pelos, e com eles o cheiro ruim e os procedimentos estéticos. E comecei a receber mais atenção da minha dona.
Sofri pra caramba na fase da depilação com cera quente. A dor começava na pele, mas logo atingia o corpo inteiro. Eu ficava vermelho de raiva. Às vezes até tentava impedir algum pelo de sair e causava uma inflamação, como forma de expressar a minha dor.
Também passei pela depilação a laser, que não era dolorida mas triste. Meus pelos morriam sem motivo aparente. Vinha uma luz e do nada o pelo morria. Entre um procedimento e outro a Catarina vivia testando desodorantes, alguns tão fortes que chegavam a me queimar. Isso durou um bom tempo, porém aos poucos tudo foi mudando, ela parou com a cera, depois com o laser e por fim usava apenas desodorantes naturais e de vez em quando ainda me raspava com lâmina. Mas é um processo bem mais gentil. Achei que viveríamos assim para sempre.
Até que ela engravidou. Foi uma loucura hormonal pra mim. Quando a Maya nasceu, o corpo precisava suar e a higiene pessoal deixou de ser prioridade. Botei tudo pra fora, passávamos os dias e as madrugadas fedendo a repolho. Sei que pode parecer nojento, mas gente, eu sou parte de vocês e nós somos parte da natureza.
Aos poucos as coisas voltaram ao normal. Quando de repente, sem nenhuma explicação, levei um beliscão daquela mãozinha fofa, porém com unhas tão afiadas que achei que eram lâminas. Fiquei tenso, não entendi o motivo da agressão gratuita. Acreditei que tinha sido apenas uma confusão de bebê sem noção. Mas não! Voltou a acontecer no dia seguinte. E depois do beliscão, veio o arranhão, seguidos de carinho, lambidas e beijinhos!
Me apaixonei. Estou entregue a essa relação um tanto abusiva pra mim, é verdade. Vivemos entre arranhões e lambejios.
Fico derretido de felicidade quando logo cedo, Maya pede por mim:
-Cadê o "Tchubaco" da Mamãe?
Sei que esse momento também não vai durar muito. Quando eu menos esperar, a bebê vai crescer e não vai nem querer olhar pra mim. Vai falar que tem nojo e que nunca me amou. Tá tudo bem. Guardarei na memória nossas manhãs dengosas. O importante é viver o agora e deixar registrado que o "Tchubaco" da Mamãe ama e é amado.
Pequenas alegrias da treta da educação dos filhos
Algumas vezes a gente acredita que deu tudo errado na educação dos nossos filhos. Quem nunca? Rola uma frustração, desespero e a gente fica se questionando vai dar certo esse projeto de criar um ser.
De fato nunca saberemos, né? Porque depositamos um monte de expectativas em um ser humaninho que não é formado só por nós. Mas daí temos as nossas pequenas alegrias da treta de criar filhos: quando nosso filho faz algo que nos orgulha.
Lembro como se fosse hoje quando minha filha veio indignada da creche falando que uma assistente havia dito que azul não era cor de cadeira de menina e ela respondeu para elas: todas as cores são de meninos e meninas.
São aquelas pequenas sementes que a gente planta e vai olhando aquele raminho nascendo, brotando, como uma esperança no caos que é educar um serzinho.
Como uma mãe de uma menina de onze anos eu lhes adianto: as pequenas alegrias vão se tornando ainda mais frequentes com o passar dos anos. As sementinhas vão se alimentando, dando brotos e algumas vezes vão até dano frutos.
Hoje em dia, aquela mesma menina que falou com a ajudante da creche, se elegeu representante de turma e uma das pautas era a democratização do protetor menstrual.
É claro que ainda existem frustrações, ainda tenho que conversar sobre muitas pautas, mas aquela pequena feminista hoje tem um discurso claro sobre equidade de gênero, empatia, solidariedade e tantas outras pautas que me orgulham demais.
Então esse recado é para os pais que já se frustaram hoje ou essa semana e estão se questionando se está tudo errado: as pequenas alegrias da treta de educar existem, são semeadas todos os dias mesmo que não percebamos e em breve vocês verão seus brotinhos e muitos frutos.
A organização do celular
Atualmente, tem mais smartphone do que gente no Brasil, segundo essa pesquisa da FGV.
Dispositivos que foram criados pra resolver todos os nossos problemas, nos conectar com pessoas fisicamente distantes, agilizar nossa vida e trazer soluções pra o que a gente precisar.
Mas junto com a tela de touch veio um monte de coisa ruim. Notificações, sons, vozes do além (vide Siri e Ok Google). Ansiedade com todas aquelas bolinhas marcando 3455 mensagens não lidas, sensação de não dar conta dos 45602 emails da inbox, sensação de isolamento mesmo tendo centenas de contatos e milhares de seguidores na rede social X, Y ou Z.
Já tem uns anos que venho me incomodando com isso e tentando tomar as rédeas dessa relação, que vejo não ter mais volta. Em 2016, apaguei o app do Facebook e passei a só acessar pelo pc, fazendo disso um momento com intenção e não só uma distração. Em 2017/18, recém parida e amamentando como doida, reinstalei o app pra me distrair nas looongas madrugadas, mas lá pelo meio do ano tirei de novo e foi bom demais me libertar mais uma vez.
Desde 2019, coloquei como meta me desinscrever (unsubscribe) de todo e qualquer email de loja, site ou rede social que chegasse no meu Gmail.
Sendo uma pessoa que evita conflitos, inventei até um modo de ser gentil (que só existe na minha cabeça) com eles: dou uma chance clicando no link "desinscrever"; se continuarem mandando depois disso vou pro "Denunciar Spam", curta e grossa.
Entre outras estratégias (quero falar mais delas depois), uma que realmente me fez ficar menos irritada com meu celular tem sido desligar as notificações de quase todos os aplicativos. É uma paz que nem te conto! E de certa forma me sinto no comando desse relacionamento, menos vítima da tecnologia.
Indo um pouco mais fundo, recebi na newsletter do Tim Ferriss a dica desse link que é VIDA pra quem tem iPhone (algumas coisas devem funcionar pra Android, tem que vasculhar aí). Nele, o Coach Tony, especialista em produtividade faz um gigantesco passo a passo de pequenos ajustes que você pode fazer pra que seu smartphone não te cause mais mal do que bem, para que seja uma ferramenta em vez do seu chefe (tool-not-boss). Posso afirmar que é um dos melhores tutoriais que já vi. Espero que seja pra você também.
Uma versão mais simplificada de como simplificar seu celular é essa do Trevor Mahoney, mas recomendo que você veja a mais completa (nem que leve um mês ou mais, como levou pra mim).
Você tem algum truque pra tentar ser menos escrava do celular? Me conta!
O Bebê evoluído
Quando nasce um bebê, começa uma corrida por parte dos envolvidos na vida daquela criança para legitimar aquele ser molenga e pequenininho como um ser humano capaz. Capaz de quê, você pode estar se perguntando. Pois é.
As pessoas parecem demonstrar enorme satisfação em ver produzirem bebês enormes e gordos. Preferencialmente acima da média na curva. A tal curva, parâmetro criado para ajudar, que às vezes mais atrapalha do que ajuda. A primeira convenção da sociedade que aquele humaninho em formação vai precisar se encaixar. Os primeiros números que definirão quem ele é.
Talvez seja justamente por bebês serem um tanto inertes e ainda não expressarem tanto da suas futuras personalidades que as pessoas busquem tanto qualquer coisa que os defina.
Uma certa pressa para começar a elaborar alguma característica mais palpável de sujeito. "Ah, o filho de fulana é aquele que é bem gordinho, um guloso!", ou: "a bebê de Sicrana é muito tranquila, preguiçosa, adora dormir". E assim vamos atribuindo características de personalidade baseadas em fugazes questões físicas - quem tem ou já teve um bebê sabe que tudo pode mudar a qualquer momento.
Junto com os números, chegam as inevitáveis comparações: "o bebê da vizinha com 10 meses não tinha dente nenhum, já o da comadre com 6 meses tinha 4 dentões despontando na boca". E aí o pior: as conclusões: "então o bebê da comadre é um BEBÊ EVOLUÍDO". Evoluído. Tenho ouvido com alguma frequência essa expressão nessa minha segunda maternidade. Não sei se não ouvi na época que minha mais velha era bebê ou se já tinha me feito o favor de esquecê-la.
Mas bebê evoluído por ser gordinho ou grande? Por ter engatinhado antes do tempo? Por ter cumprido pequenos marcos de desenvolvimento ou por ter um crescimento bem desenvolvido na curva? Em que mundo vivemos, por deus.
Garanto que quando estamos vendo as olimpíadas na TV não olhamos praquele maratonista e pensamos: "ah, esse certamente deu seus primeiros passinhos lá pelos 10 meses". Ou quando alguém termina um doutorado em Harvard, será que conjecturamos quando esse profissional bateu palminhas pela primeira vez? Aquele chefe de estado que está mandando bem no governo, será que era acima da curva de perímetro cefálico aos 8 meses? Não pensamos em nada disso. Porque pouco importam esses marcos para quem aquele bebê será na vida em termos de suas futuras conquistas pessoais. Pouco importa se aos 6 meses já tinha dente ou não, se falou trava línguas na primeira infância como a menina que viraliza na Internet, se rolou antes do esperado, se andou antes de um ano.
Todos os marcos servem pra nos situar se está tudo bem com aquele bebê, mas com facilidade deturpamos esse sentido e transformamos cada conquista numa ansiedade, uma meta a alcançar o mais rápido possível, um parâmetro de rebaixamento.
Nós, que nem norte americanos somos, subjugamos nossas crianças a uma roleta de winners e loosers desde o nascimento. E isso que nem entrei na questão física dos bebês gordos e grandes: a terrível verdade que é que idolatramos bebês gordos e adultos magros.
Essa fica pruma próxima.
A treta do que seus filhos reproduzem de você
Não sou uma pessoa discreta. Acho que esse é um adjetivo que nunca usariam pra me designar. E muitas vezes, além de passar alguma cena vergonhosa porque acabo falando algo sem filtro, faço os amigos passarem por isso.
Certo dia estava com uma minha amiga que também é a mãe da amiga da minha filha chegando em uma aula que elas fazem juntas. E, para sua tranquilidade, a menstruação tinha vindo, porém o coletor (minha dica de hoje) não tava dando conta. Tava cheio.
Papo vai papo vem da gente tentando encontrar um jeito dela sair pra esvaziar antes que tudo vazasse sem que a filha dela sentisse sua falta, ela solta que a calcinha era de renda. REN-DA. Foi nesse tom caixa alta que eu abri os olhos e disse: "Nossa! Mas tu vem buscar a criança na escola com calcinha de renda? Tu tá em outro nível". Coitada. A bichinha ficou vermelha.
E esta minha questão sem noção, que nesse caso era uma indiscrição, mas muitas vezes é um tom autoritário que emito sem perceber, vai me fazendo sentir um medinho das crianças reproduzirem.
Principalmente porque observar meu pai é enxergar todos esses traços um pouco mais "lapidados" em mim. Já vejo o jeito com que a mais velha se coloca numa conversa e se impõe nas negociações conosco. Haja terapia pra lidar com isso!
Dicas do Peito!
Com elas (as crias) - Especial dia das crianças
Decidimos unir nossas forças e fazer uma dica só, conjunta, de várias programações acontecendo na cidade, tanto no fim de semana das crianças quanto ao longo do mês. Tem muita coisa legal!
Pega a agenda e já anota pra se programar:
CCBB - No Centro. Durante todo o mês de outubro, com atividades gratuitas e pagas. Dá uma olhada aqui na programação.
MAC (praça) - Em Niterói, até o dia 11 de outubro. Sonori EcoParque. Um parque sonoro-musical de sessenta metros quadrados com grandes instalações percussivas e interativas feitas unicamente com sucatas e materiais alternativos. Atividade Gratuita.
Sala Baden Powell - Em Copacabana. Orquestra Maré do Amanhã. Concerto Especial dia 12/10. Entrada franca. Mais informações aqui.
Parque Lage - No Jardim Botânico. Durante todo o mês de outubro. Programação gratuita de oficinas, apresentações culturais, ativações artísticas, falas públicas, vídeos e exposição para todas as idades. Confere tudo aqui.
Downtown - Na Barra da Tijuca. Nos dias 7, 8 e 9 de outubro tem oficina de circo do Tio Gio, show da banda @violudico e do projeto @_somdaluz_, troca de figurinhas da Copa do Mundo, brinquedos, pula-pula, escorrega e muito mais! Entrada franca. Mais informações aqui.
Museu da República - No Catete. Dia 12/10. Tem a feira O fuxico com programação voltada para os pequenos. Dá uma olhada aqui.
Areninha Renato Russo - Na Ilha do Governado. Vai ter Eco feira no dia 08/10 com programação especial para crianças. Entrada franca. Detalhes aqui.
Festival da Primavera - Na Glória. Sábado dia 08/10, entrada franca. Programação para adultos e crianças. Mais informações aqui.
MAR - No Centro. Durante todo o mês de outubro. Programação gratuita e paga para os pequenos. Confere tudo aqui.
MUSAL - No Campo dos Afonsos. Dia 12/10 atrações infantis e diversão o dia todo. Para participar tem que doar um quilo de alimento. Detalhes aqui.
MAM - No Aterro. Histórias de Brincar. Gratuito. Dia 15/10. Dá uma olhada aqui
BioParque - Na Quinta da Boa Vista. Programação especial o mês todo. Show dos Bolofofos. Atividade paga. Mais informações aqui.
Sem elas (as crias)
Newsletter
Da Catarina
Aproveitando que a Ju falou da news do Tim Ferris. Vou indicar três news que eu adoro. E quando eu le
Folga - Textos e dicas incríveis de Carol Pires, Hellen Ramos e Anielle Franco. Envio é mensal.
Carvalhando - Tudo que você precisa saber sobre o que ainda não sabe em tendências. Envio Quinzenal.
Dia Sim, dia Não. Textos e dicas aleatórios sobre tudo que tá bombando nas redes. Envia quando dá.
E quando eu leio tudo isso? Muitas vezes não leio. Mas quando estou amamentando tenho me obrigado a ler, melhor do que fritar nas redes sociais.
Treta da sustentabilidade das roupas debaixo
Da Dani
Se tem coisas que eu realmente achava que não eram recicláveis eram peças íntimas, mas você sabia que são?
As nossas roupas e roupas íntimas não devem ser jogadas no lixo, pois elas não degradam em solo e acabam em aterros sanitários.
Suas calcinhas e sutiãs em bom estado podem ser reaproveitados para doações quando bem lavados e diversas instituições aceitam. A comunidade @vozdospobres recebe. A @leninharoupadebaixo e @caonlingerie recebem as peças para ações em cooperativas de artesãs, consertos e fabricação de novas peças e embalagens.
Elas também podem ser picadas e virarem enchimentos de almofadas e brinquedos para pet e, se for feita 100% algodão, elas podem servir para compostagem. Agora a gente pode dar novos destinos também às nossas roupas debaixo!
Série
Da Ju
Sou muito fã da série Queer Eye, assistia desde o formato antigo no começo dos anos 2000 até o repaginado e atualizado dos últimos anos. Pra quem não sabe, é um reality show em que 5 pessoas LGBTQIAP+ fazem uma intervenção na vida de outra pessoa (na primeira versão eram sempre homens heterosexuais mas atualmente o personagem central, ou Herói, como eles chamam, pode pertencer a uma dessas letras ou não). O Objetivo é fazê-la perceber o quanto ela precisa voltar seu olhar pra si mesma e cuidar dela pra poder cuidar dos outros. Em geral os heróis são pessoas que dedicam suas vidas a outras pessoas e recebem de volta o carinho da comunidade e o cuidado desses 5 Fabulosos por uma semana. É de se emocionar!
Livros
Da Marcela
Esse ano decidi ler livros que já tinha em casa ao invés de comprar vários novos enquanto ou velhos me olham com cara de abandono na estante. Vou dizer que cheguei a comprar alguns poucos, 2 se não me engano, mas de maneira geral consegui conter bem mais os impulsos. E nessa, li livros ótimos que estavam esquecidos e nem passavam perto da minha intenção de leitura. Minha dica então é dupla: reveja suas estantes e faça uma lista dos livros que você sentir vontade de comprar antes de sair comprando por aí. Assim, você se surpreende com o que já tem e espera as melhores promoções para comprar as novidades.
Coletor Menstrual
Da Pri
Quase com certeza você já ouviu falar e tem uma amiga que usa e ama e outra que odeia. Eu super recomendo e peço que não desista no primeiro mês. Parece difícil no início de pegar o jeito, a dobra que dá certo, o ângulo mais fácil etc. Mas vai valer a pena. Usar o coletor me fez me reconectar com meu corpo de um jeito bom, sem ficar tão chateada que a menstruação tava chegando e principalmente em ter a liberdade de fazer qualquer atividade sem perceber que ele estava ali. Hoje em dia têm vários modelos e o custo benefício compensa em muito. Na internet você vai encontrar uma série de tutoriais e modelos pra decidir. Dê uma chance ao coletor. Seu corpo e seu salário irão agradecer.
Quer falar com a gente? Mandar sua treta, dica do peito ou só bater um papo.
Envia para divinastrestasrj@gmail.com respondemos assim que der.
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Muito bom Cati! 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼