Divinas Tretas #7
Sobre o sorriso que não paga tudo e a conta que não fecha. Dicas do peito do Rio e do mundo. Afinal, nem tudo é treta. Ou é?
Antes de tudo, muito obrigada por estar aqui!
Aviso: tudo que estiver em azul é link (pode clicar).
Habla mesmo
Os comentários fazem parte do nosso processo decisivo de compra para um bocado de coisas atualmente. Ainda tem gente que compra direto na loja física, assim como pessoas que ainda pegam táxi na rua e pagam em dinheiro vivo. Mas tudo isso está mudando rápido.
Eu sou uma consumidora assídua na internet e antes de apertar o botão de comprar, levo em consideração a opinião do outro. É muito curioso como pais, avós, tios e padrinhos, sempre anunciam no comentário que têm filhos e avaliam baseado na experiência da criança. Ou na experiência que a gente acha que a criança teve. Ou que gostaríamos que tivessem.
É verdade que o nosso mundo passa a girar em torno delas, e que não tem nada melhor do que fazer uma criança feliz. Mas isso pode ser bem simples e muito complicado ao mesmo tempo. Uma viagem planejada toda em torno dela vira uma enorme dor de cabeça se o seu pequeno viajante preferir ficar em casa, ou se aquela atração mirabolante for cancelada em cima da hora.
A quebra de expectativa já é difícil na fase adulta. Na infância, então, vira um pandemônio de sentimentos e frustrações.
E às vezes os cuidadores só querem mesmo é comprar o seu próprio descanso. Aí qualquer descuido por parte de quem está provendo o serviço vira motivo para uma avaliação ruim.
Assim, as seções de comentários, se transformam em um grande setor de desabafo parental para todas essas lamúrias. E desabafar é bom e necessário.
*comentários reais retirados da internet.
Transição de carreira: maternidade
Não sei se com vocês também foram assim, mas parece que a maternidade é como uma transição de carreira nas nossas vidas: nova rotina, novos lugares, novos hábitos e também, novos colegas de trabalho.
Acaba que com a maternidade a gente fica meio filhocêntrico, e tudo gira em torno daquele ser que mal nasceu e já tomou todo o espaço.
As amigas de antes não conseguem entender essa nova vida que vai engolindo a gente.
Não dá mais pra sair pra qualquer lugar, a qualquer horário e temos sim várias restrições até mesmo para receber visitas.
Aos poucos vamos perdendo a identificação, os assuntos não dão tanto match, vamos nos distanciando, e não somos nem mais consideradas na lista de convidados para alguns programas
Assim que nossos colegas de trabalho também acabam mudando: surgem as famílias das pracinhas, creches, atividades extras dos filhos ou nos aproximamos das famílias que tiveram filhos antes da gente e outrora também nos afastamos.
Agora a gente passa a entender um pouco de como essas amigas se sentiram quando nos afastamos.
Sabemos que a vida acaba seguindo um fluxo que distancia situações e pessoas mesmo, mas é que antes de ser mãe eu nunca havia pensado o quanto eu poderia ter auxiliado mais minhas amigas que tinham filhos ou o quanto eu poderia estar presente de outra forma.
Agora a testa tá cheia de tanto cuspe pro alto.
Por sinal, amigas que já eram mães, vocês me desculpem por ter afastado? É que eu não entendia bem desse novo cargo.
Carta pro meu filho sobre os seus 5 anos
Meu amorzinho,
Escrevo essa carta à moda antiga (mais antiga do que eu), assim à mão, com caneta, coisa mais demodê ( nem acredito que essa expressão voltou, olha que doido esse ano de 2047)...
Hoje é seu aniversário de 30 anos e eu, como em todo aniversário seu, me pego nostálgica. Lembro de todas as sensações e pensamentos que tive naquele dia 08 de setembro de 2017, de acordar de madrugada, do jejum que se estendeu além do previsto, do nosso primeiro encontro em que você chorou e parou, ao escutar a minha voz. Seus primeiros meses, quanto choro (de nós dois né)! Os primeiros anos, como você era esperto, engraçado, depois dos 3 anos ficou cada vez mais gaiato, que delícia estar com você.
Hoje, você um homem adulto, vivendo sua vida com tanta independência, quem diria?! Eu diria! e o papai, claro. Nós sempre, sempre, te incentivamos a ser independente. E nem teria como ser diferente! Você sempre foi muito assertivo, firme nas suas vontades. E aprendia rápido. Com pouca observação e algumas tentativas você já conseguia fazer.
Hoje você é elogiado por essas suas características inerentes (assertividade, foco, força de vontade, coragem de desafiar supostas autoridades, defesa implacável do seu ponto de vista) mas você acredita que já houve um tempo em que tudo isso não era visto com bons olhos?!
Pois é…
Vou te contar aqui porque sei que entre nós nunca teve romance da nossa relação, eu sempre coloquei pra você meus sentimentos e te dei espaço pra colocar os seus.
Quando você tinha uns 4 pra 5 anos houve uma fase em que você encrencava pra tudo. A gente falava assim, encrencar, porque pra nós, mãe e pai era um desafio gigantesco lidar com uma mini pessoa que batia o pé pra não tomar banho, reclamava que o pão do café da manhã não estava certo, chorava copiosamente pra entrar na escola… A gente tentava com todo nosso coração fazer o que achávamos melhor pra você (além de te manter seguro, limpo e alimentado) mas você tinha ideias diferentes das nossas e dificilmente arredava o pé de bom grado. O assunto dificilmente era esquecido rapidamente e você reclamava com a gente por dias e dias… Não era fácil não, vou te dizer.
Mas num dia, numa tarde qualquer, depois de lidar com todas essas situações e mais tantas, eu refleti e me perdoei, e te perdoei, por todas essas brigas, e lutas e discussões que vínhamos tendo naquela época.
Eu tentei enxergar o copo meio cheio (você sabe como isso é difícil pra mim né) e aceitar que tudo aquilo que dificultava a minha vida nos seus 4, 5 anos seria visto como força, seria valorizado quando você crescesse mais um pouco.
Hoje, você um homem de 30 anos com uma vida incrível como a que você leva, rodeado de pessoas que te querem tão bem, apagou as suas velinhas do bolo de chocolate (o mesmo de todos os seus aniversários) e sorriu pra mim e meu coração encheu de amor como no seu aniversário de 5 anos, aquele primeiro dos Cavaleiros do Zodíaco.
Te amo, Tutuzinho de 30 anos…
PS: (nas cartas antigas existia isso, a pessoa lembrava de algo pra falar depois) Quem diria que você teria outro aniversário de Cavaleiros do Zodíaco 25 anos depois, hein! Seu pai tá adorando reviver a infância dele toda de novo…
Um casaquinho
Eu tinha uns 10 anos e estava numa excursão na Chapada da Diamantina. No grupo da viagem tinha uma família com uns adolescentes. A mãe vivia pedindo pros filhos colocarem casaco e eu achava aquilo uma coisa meio doida, visto que ninguém ali era mais criança, eram tudo uns homi véio criado e a mãe danada a pedir pelo casaco nas mais diversas situações. E isso tudo naquele clima de Bahia, né, que mesmo que em Lençóis faça lá um friozinho de mata à noite, ainda estamos falando de Bahia durante o dia.
Pois bem, a cena dessa viagem que não me sai da cabeça foi do momento em que estávamos todos fazendo fila para pular de uma tirolesa. A aventura se dava entre um pico e outro de umas rochas com cachoeira, logo acima de um rio de águas avermelhadas. Quem pulava caía direto na água, e, depois do mergulho, era suspenso pela corda e seguia até uma rocha plana mais adiante. O filho adolescente daquela mulher estava prestes a pular da tirolesa quando a mãe irrompe em sincero desespero com um casaco na mão e grita: "Meu filho, coloca um agasalho!". Tarde demais, o fulano já estava pendurado rumo às águas geladas do rio vermelho.
Que louca, pensei. Primeiro, quem colocaria um casaco debaixo desse sol? Depois, quem haveria de mergulhar usando um casaco?! Esse medo da friagem já estava beirando o irracional. Ora bolas.
Passaram-se uns bons 24 anos com margem de erro de uns 2 pra mais ou pra menos e cá tô eu, numa praça em São Paulo, 12 graus na cara, gritando pra minha filha com síndrome de Frozen: "Minha filha, coloca um agasalho!". E, tal qual a mãe da excursão da Chapada, não obtive sucesso na minha empreitada.
Eis que aconteceu. Sim, eu mesma. Euzinha. Meio sem perceber, eu virei a mãe que vive pedindo pra filha usar um casaco.
Que manda mensagem no grupo de mães do zap (esse recurso aquela mãe lá de 20 anos atrás não teve) pedindo dicas de como convencer a criança a usar o tal do casaco. Ok, 12 graus em São Paulo não é tão insensato assim que eu peça pelo casaco, convenhamos. E nem na minha casa no Rio, que nossa, como é fria no inverno. E nem andando pro parquinho, que eita como venta nesse aterro!
Justo eu, que sempre deixei a menina brincar de se molhar pelada no quintal. Eu, que nunca obriguei a calçar sapato em tantas ocasiões. Será que estou só tendo bom senso e minha filha é que tem passado dos limites no quesito exposição ao frio ou será que também fui pega pela irracionalidade do medo da friagem?
E aqui estamos nós nos últimos dias do inverno e eu não aprendi nada ainda - ela não vai usar o casaco, por mais que eu peça. Só vai usar quando quiser.
Mas nesse puxa de lá dá cá, ela também não parece ter aprendido nada: eu também não vou parar de de dizer: "Filha, olha o casaco!". E agora sei lá que espécie de mãe serei eu no verão.
A treta da alegria que nos inebria
Dia desses fomos em bonde depois da escola num museu bem pertinho com as crianças. É uma forma ótima de dar uma enrolada naquele pós aula pra acabar de gastar a energia que nunca termina dos pequenos e também conversar mínima e entrecortadamente com adultos, mesmo que seja sobre assuntos infantis.
Este dia em específico foi muito legal. As crianças podiam tocar instrumentos e tinha um pátio bonito pra elas correrem e brincarem.
Num certo momento me peguei rindo da alegria das crianças e percebi que todos faziam a mesma coisa.
Essa era a única conversa ouvida: o som das risadas e dos pezinhos correndo. A gente estava inebriado pela cena muito comum e ao mesmo tempo tão poderosa.
Aquele momento importante que a gente encontra um pouquinho mais de amor e de energia pra dar porque o que vem é tão inocente e despretensioso que nos sentimos um tiquinho mais vivos, quer dizer, sentimos a vida pulsante de um modo bem despretensioso e singelo demais pra desperdiçar o êxtase.
Não, não tô dizendo que esses sorrisos compensam, apenas identificando da onde e de que forma nosso envolvimento e afeto é cativado e enlaça, ainda que inesperada, inoportuna e subitamente lugares e pessoas comuns ou que nada têm em comum.
Dicas do Peito!
Com elas (as crias)
Música
Da Catarina
Seguem 3 bandas que adoramos escutar com a pequena por aqui:
Barbatuques - Tum Pá é a favorita da cria.
Pé de Sonho - Ama o Rock da Barata.
Tiquequê - A letra de Quero começar, é o hino da mamãe.
Brechó
Da Dani
Você conhece os 3 Rs da ecologia? Reduzir, reciclar e reutilizar?
O brechó é uma alternativa de consumo infantil de roupas, calçados e brinquedos que atende a todos eles. Quem me conhece sabe que muito antes de uma certa rede de franquia de brechó invadir os bairros do Rio de Janeiro, essa já era uma maneira que eu comprava e vendia muitas coisas das minhas crias. O brechó infantil sempre foi uma alternativa para economizar e ainda tem uma perspectiva de economia sustentável. O que o diferencia do brechó adulto é que existem muitas peças novas ou semi novas, visto que nós mamães compramos muitas coisas que nossas crias nem utilizam ou utilizam bem pouco porque crescem na velocidade da luz. Para quem não conhece, deixe o preconceito de lado, pois existem muitos espaços físicos e on line e são ótimos lugares para garimpar, consumir consciente e pagar bem mais barato pelas peças das nossas crias.
Sites que conheço:
Ficou Pequeno / Enjoei / Repassa
Brechós cariocas que já fui e curti:
Confete Carioca / Trokalookinho / Brechó Kids Ka / Brechó o cacarequinho / Peça Rara
Artesanato em evidência no centro do Rio
Da Ju
Estive com o Tutu no CRAB (Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro) num dia desses em foi um super sucesso. Visitamos uma exposição de artesanato em couro, mas periodicamente há outros e outras mestres e mestras do artesanato nacional sendo evidenciados por lá. A visita é Gratuita (dá pra agendar na hora pelo sympla) e o passeio não é muito demorado, o que ajuda com crianças pequenas. Pra quem estiver flanando pelo centro, vale a pena o respiro na Praça Tiradentes. Tem uma área voltada pras crianças, um café, loja, e a dica especial: não deixe de visitar o terraço, com uma vista linda da praça e uma parte do centro. Saiba mais aqui.
Desculpa
Da Marcela
Num mundo em que estudamos tanto para nos tornarmos mães melhores e mais conscientes, às vezes parece que um erro é fatal: vai colocar em jogo toda a nossa relação com nossos filhos. Mas não, errar é humano e tendo a acreditar que o mais importante não é o erro em si e sim como se lida com ele. Pedir desculpas nem sempre é fácil, mas é libertador. E ensina que ninguém é super heroína. E ensina sobre a importância de reconhecer seus erros e recuar. Eles erram, você erra também, e todos pedem desculpas no fim.
Faça um e-mail pro seu filho
Da Pri
Ainda na gravidez criamos um e-mail pra Flora e começamos a compartilhar nossas expectativas quanto à sua chegada. Assim que ela nasceu demos a alguns amigos próximos o endereço para que eles também pudessem escrever para ela quaisquer coisas, desde vídeos e músicas legais até o dia a dia do mundo atual. Também costumo encaminhar pra esse e-mail todas as publicações e relatos que faço no grupo do "coletivo afetivo" ou até no Instagram pra ficar como registro pra ela ver as fotos, os vídeos e ler as histórias que contávamos sobre ela aos nossos amigos.
Sem elas (as crias)
Teatro
Da Catarina
Depois de organizar todo um aparato de guerra pra conseguir sair de casa e deixar a filhota com a sogra, fomos ao teatro pela primeira vez em quase 3 anos. Vimos a peça Histórias do Porchat que tá super engraçada e passa voando. Indico pra quem tá precisando rir (todo mundo). Em cartaz no Oi Casagrande até dia 02/10.
Kotas
Da Dani
Sabe aquela divisão que a gente fazia cazamigas e cozamigos para rachar um serviço de assinatura? Agora existe um site que você pode organizar esse grupo ou entrar em um já existente.
O Kotas nada mais é do que um site que permite ao seus usuários criarem os seus próprios grupos ou entrarem em outros já existentes para dividir os custos de assinaturas de streamings de vídeo, música e muito mais. É uma forma de se divertir e garantir alguma sanidade mental pagando pouco.
Podcast
Da Ju
Uma das mídias que mais cresce no Brasil é o Podcast e eu sou MEGA fã deles há mais de década. Poderia falar por horas e escrever uma lista de 100 recomendações, mas aqui trago só 3 pra começar.
Um Milkshake chamado Wanda - variedades, cultura pop, entretenimento, música, risadas, muitas risadas. Já são 8 anos de programa e eles continuam mandando super bem.
Me conte uma fofoca - pra se alienar totalmente da própria vida e das mazelas do dia a dia. As melhores fofocas do mundo dos famosos, histórias de golpes, babados e baphos mil.
Projeto Querino - acabou de chegar e já ganhou meu coração. Conta uma história do Brasil que não é tão divulgada ou valorizada: a história preta do Brasil. Episódios pra escutar devagar e com atenção pra entender como a gente chegou aqui nessa M de hoje.
Antes da eleição
Da Marcela
Aproveitando que tá faltando pouco mais de uma semana (!) pro primeiro turno, ouça o podcast Passado a Quente, que aborda os principais eventos políticos de 2013 até hoje no Brasil. É interessante relembrar o começo de toda a situação política que nos encontramos hoje, com uma ascensão da extrema direita, dos discursos de ódio e da polarização. E muito louco pensar que vivenciamos tudo isso. Vai dar um trabalhão ajudar meus filhos com a prova de história do Enem de daqui a uns anos, porque explicar tudo isso não é pra amadores não…
Crie pastas no Google fotos com palavras-chave
Da Pri
Você já deve saber que o Google fotos tem uma busca por locais, pessoas e até coisas. Tipo, se você escrever cama ou banheiro, ele vai achar muitas fotos desse contexto. Mas, as vezes ele não é tão perfeito. Então, eu costumo usar palavras fáceis para me lembrar de um dia específico e crio uma pasta. Por exemplo, a visita de uma amiga muito especial. Eu coloco a data e completo com "visita fulana" porque consigo recuperar os vídeos e todas as fotos do dia de uma vez. Ou, ainda, os registros da escola da criança. Pra ser menos específica, porém encontrar o aglomerado, criei uma pasta "escola 2022" e todo contexto escolar e fora dele relacionado às crianças daquela turma, eu coloco lá.
Quer falar com a gente? Mandar sua treta, dica do peito ou só bater um papo.
Envia para divinastrestasrj@gmail.com respondemos assim que der.
Obrigada por assinar e ler até aqui. Achou legal? Compartilha vai!
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