Olá Divinas,
Metade do ano já se foi, mentira, mas tá perto. Falamos nessa edição sobre nossas expectativas, medos, inseguranças e mais um montão de sentimentos e reflexões. As dicas revelam que estamos ou malhando muito, ou lavando muita louça ou andando muito de carro. E dá pra fazer tudo isso ouvindo bons podcasts (graças) que rendem pano pra muita conversa nos grupos de zap. Páscoa vem aí, já comprou sua forminha de silicone pra fazer ovo saudável pra cria? rsrs quem nunca né.
Beijos e boa leitura!
Se você fosse sincera…
Criança odeia carnaval. Claro, existem exceções, mas, no geral, dá uma olhada na carinha delas nos blocos, mesmo nos infantis – ou, principalmente, neles. Os bebês estão dormindo, chorando ou catatônicos, e as crianças, com cara de birra ou assustadas.
Os adultos, por outro lado, excessivamente animados, tentando disfarçar nossa falta de paciência e desilusão ao ver que nossa criança não é nem um pouco carnavalesca. Eu queria que ela simplesmente chegasse lá e fosse atrás do bloco, cantando e dançando. O que, escrevendo aqui, já parece totalmente irreal, dado que só fazemos isso uma vez ao ano e, também, que minha filha odeia barulho.
Eu percebo tudo isso, mas finjo que não é comigo porque, sim, quero que ela goste. É daquelas coisas que faço questão de dar uma forçadinha, sendo bem sincera. Ela já deixou claro que não curte super, mas a gente não desiste. A parte da fantasia em casa é, de longe, a preferida – mas, se for pra colocar, tem que sair pra rua. Afinal, qual o sentido de morar no Rio de Janeiro e não curtir essa festa que praticamente invade as nossas casas todo ano?
Eu, que sou de um lugar onde o carnaval simplesmente não existe mais – sim, pasmem! Lá no interior do Paraná, na minha cidade, não tem mais carnaval. Nada. Apenas um feriado na terça e fim. Nem na escola tem bailinho. Felizmente, na minha época não era assim; pulei alguns carnavais no clube da cidade e outros nas ruas. Não sei bem como se deu esse fim – uma confluência de cidade apartada, má gestão pública, falta de cobrança da comunidade e falta de apego às tradições, vistas como mundanas por um punhado de fundamentalistas.
Fui pra lá no meio do carnaval, levei fantasia pra mim e pra minha filha – e elas voltaram intactas na mala. Deixaram o samba morrer naquelas bandas… Quem sabe um dia ele volte.
As nossas fantasias usamos no Rio, já que, por aqui, o carnaval começa antes e acaba depois, pra nossa sorte. Aliás, queria muito entender por que os melhores blocos infantis são antes do carnaval. Seria um combinado tácito da cidade com as famílias, para que viajem nos dias de fervo e loucura total? Essa é a minha teoria: curtam o carnaval com os pequenos antes e deixem o trânsito livre pra gente aloprar geral nos dias oficiais da folia. O que eu acho ótimo, por sinal, porque a gente consegue se cansar e descansar dentro do mesmo feriado. E, depois, se quiser, ainda pega mais bloquinho na Quarta de Cinzas e no fim de semana pós-feriado. No fim, é o verdadeiro "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu" – a depender do bairro que você mora é exatamente assim, vai sair comprar um pão e quando vê tá no meio de um bloco.
Este ano, depois de um pequeno cortejo em um pequeno bloco infantil na praça, minha filha pegou na mão da amiga e começou sozinha:
"Se você fosse sincela, ooo aulola… Veja só que bom que era, ooo aulola."
É isso: missão cumprida. Apesar de todos os perrengues, dos choros, do calor surreal e do glitter espalhado por tudo, a sementinha foi regada – nela, em mim e na pequena que cresce na minha barriga e, ano que vem, estará com a gente nos blocos, chorando, suando no sling e usando um protetor auricular.
Em pleno 2025, francamente, Juliana...
Fechando o primeiro quarto do século XXI e eu ainda caio na garotice de me comparar com o recorte do recorte da vida dos outros na rede social. Francamente, Juliana, esperava mais de você.
O caso da vez foi uma conhecida-influenciadora que decidiu limitar drasticamente o tempo de tela dos dois filhos e tem falado nos stories sobre isso. Já há uns dias que venho meio que acompanhando ali, por alto, algumas postagens e o processo que levou a essa decisão, como as crianças (uma pré adolescente e um menino da idade do meu) estão reagindo, como a família estruturou isso. E ontem, uma sexta-feira, ela postou que o filho simplesmente chegou da escola, deitou e dormiu, depois de brincar e cantar pela casa.
Aquilo me bateu tão mal, mas tão mal, especialmente porque, enquanto via esse story no sábado à tarde, estava no celular (deitada no sofá, obviamente), meu marido jogando no Pc e meu filho no YouTube. Só faltava o cachorro estar assistindo a DogTv.
Eu juro, queria MUITO limitar e fazer cumprir o limite de tempo de tela. Mas como, se o meu tempo em casa tá sendo recheado de tela?! Gente, eu passo 11 horas fora de casa nos dias de semana, saio cedo sem assistir nada e não tenho energia alguma à noite. No fim de semana, entre uma máquina de roupa pra bater e estender, outra de louça pra colocar pra lavar, e um aspirador robô pra acompanhar (o máximo de rotina de limpeza que essa casa tem recebido) o que mais quero é ficar na horizontal e derreter meu cérebro com uns minutos de uma série lenta e demorada que me dá sono.
Junto disso o fator “gestação” tem pesado (literal e figurativamente) e eu tô sem paciência pra nada que não seja sobreviver e fazer o básico do dia a dia (que com criança semi-pequena é coisa pra cacete). Não quero ter que lidar com mais reclamação infantil do que já tenho que lidar, não quero usar esse meu parco tempo livre em casa propondo atividades educativas que terão baixíssimo engajamento do “menó”. Não quero me frustrar. Egoísmo? Talvez. Autoproteção? Totalmente.
E porque tô escrevendo isso agora? Porque me deu muita vontade de chorar (alô hormônios da gravidez) por me sentir mais uma vez falhando como mãe. E escrever faz as vozes da minha cabeça calarem um pouco, especialmente aquela que diz que sempre tem uma mãe melhor do que eu. Pode até ser que sim, mas eu também não sou esse cocô do cavalo do bandido não, e no momento é o que tá dando pra dar conta.
Música da vida
Qual é a música da sua vida? Se você pudesse ouvir a mesma música diversas vezes, somente essa, qual seria? No documentário da Anitta, ela faz essa pergunta, e eu sempre fiquei me questionando.
Impressionante como a música é algo que nos remete a tantas coisas. Tantas coisas que há pessoas que até evitam escutá-la em determinadas ocasiões para evitar associações. Porque também há isso: o poder do inconsciente de nos conectar à música em momentos bons e ruins, em momentos marcantes ou até aqueles que gostaríamos de esquecer.
Certa vez, meu irmão estava com uma namorada e me disse várias coisas que ele não curtia nela; uma delas era que ela não gostava de música. Pensei: "Caraca, como pode uma pessoa não gostar de música?" Isso é quase um desvio de caráter.
Eu sou musical pra caramba. Não sei viver sem música e sempre estou me referindo a alguma em algumas ocasiões. E eu sou daquelas que presto atenção na música, que tenho frases preferidas de algumas, que gosto de quase todos os ritmos. Gosto de ouvir, cantar (mesmo que mal), e de dançar…
Engraçado que pensei na música da minha vida, e ela é uma música que teve um remake há pouco tempo: "Fast Car". Uma música que eu quase não escutava e agora eu acabo escutando quase sempre na rádio com uma nova versão. Essa música me dá um sentimento de liberdade, de dirigir num deserto ou em uma estrada no meio do nada. Sabe aquela música que te dá uma sensação? Quando ouvi pela primeira vez Tracy Chapman cantando, nos meus idos de "dez e poucos" anos, achei tudo incrível: voz, arranjo, letra.
Essa música me lembra uma época, me lembra um cara por quem eu era apaixonada e sabia que eu gostava dela, mas ao mesmo tempo é atemporal. Dentre as milhões de músicas que eu amo, essa é a mais marcante, e por isso é a música da minha vida. Qual é a música da sua vida?
A futura terapia dos meus filhos
“Mamãe, meu nome é o menor da sala, só tem três letras”, irrompeu minha filha, em tom de pesar, com uma nova crise que não pude antecipar. Quando escolhemos o nome Eva, achei um nome simples, fácil de pronunciar até em outras línguas, daqueles que não fazem a pessoa viver a vida toda soletrando ou explicando. Podia prever uma crise, talvez: a questão da figura bíblica homônima que tem um estereótipo bem forte no imaginário popular, ainda com camadas outras em análises feministas em comparação com Lilith, etc. Mas crise do nome mais curto da sala eu não previ mesmo.
Tudo bem, essa crise não se criou. Logo minha filha esqueceu o fato. Mas me fez pensar em como não sabemos bem os possíveis traumas - ok, trauma é uma palavra forte, mas você entendeu - que estamos causando nos nossos filhos. Depois de ser mãe, com frequência me pego revisitando mágoas que sempre levei comigo de atitudes dos meus pais. Hoje em dia, consigo me colocar no lugar deles em muitas das situações. E, mesmo que eu pense que eu teria agido diferente naquela situação, muitas vezes consigo entender os motivos pelos quais eles agiram daquela forma. Na maioria das vezes, entendo que a atitude deles foi muito menos pior do que eu julguei a vida toda.
A adolescência dos meus filhos ainda falta um pouco pra chegar, mas já imagino que eu vá passar por algo parecido, porém ao contrário, ao vivenciar a mudança diária de uma criança em um gremlin. Eu tive meus momentos de adolescente rebelde, os quais eu lembro com autocrítica. Sinto muita pena dos meus pais por formas como agi com eles na época. Fui grosseira sem necessidade, me rebelei contra coisas que hoje vejo que eram formas de cuidado. Provavelmente criei mágoas neles também, que, como os adultos da relação, espero que tenham conseguido relevar colocando-as na conta das mudanças hormonais de uma mocinha desajuizada. Penso que através da rebeldia dos meus filhos na adolescência eu vá me reconectar com os motivos pelos quais eu agia como eu agia. Novamente, do alto da minha experiência atual, eu vou olhar retroativamente e pensar que eu agiria diferente.
Fato é: estamos sempre causando mágoas e alegrias nos outros. Estamos sempre influenciando positiva ou negativamente o nosso entorno com nossas atitudes e nem sempre nos damos conta disso no momento.
Perceber isso me fez tanto ficar mais atenta com as consequências das minhas falas e ações com os outros, como também me fez ficar mais em paz, afinal, não há mesmo como prever tudo, nem como acertar sempre. O campo do outro é uma caixinha de surpresas e nunca temos como saber exatamente como algo vai repercutir internamente em alguém.
Quanto aos meus filhos, faço o possível para minimizar esses traumas e torço para os que eu de fato esteja causando sejam resolvíveis e sem impactos patológicos. Meu trabalho é esse: ser o melhor que eu puder, e tentar melhorar sempre. De resto, o que me sobra fazer é pagar uma terapia quando a adolescência chegar.
😉 Dicas do Peito!
Gestando e alimentando contra a corrente (mas junto da ciência)
Da JuEscutei recentemente esses dois eps do Ciência Suja, podcast em que jornalistas buscam expor as más divulgações científicas (muitas vezes enviesadas por algum interesse financeiro por trás) “para ilustrar a importância de uma ciência ética, rigorosa e robusta e a relevância de uma divulgação científica responsável.” Nos eps em questão, algo que me atraiu bastante foi que alguns (se não todos eles) haviam recém passado pela gestação e parto, então além do olhar jornalístico também expuseram suas inseguranças como pais e mães.
Pisque duas vezes
Da Dani
Esse filme do Prime Vídeo aborda situações de abusos de poder da alta sociedade. Inspirado nas festas de P.Diddy tem diversas nuances curiosas e diversos plow twists de um roteiro muito bem elaborado.
Dia da pipoca Cinemark🍿
Dia 16/03 é o dia da pipoca e um programa imperdível de fazer com as crias é ir no Cinemark.
Em comemoração ao dia, nos cinemas da rede vice pode levar o balde que quiser que eles encherão até 10L de pipoca por R$19.
Não precisa comprar ingressos do cinema para participar da promoção. Loucura, loucura, loucura!
Mais informações em: https://sac.cinemark.com.br/hc/pt-br/articles/35430550969236-Dia-da-Pipoca-Cinemark-Evento-Traga-Seu-Balde
Pra ouvir: Fio da Meada com Vanessa Cavalieri
Da Catarina
Que beleza de entrevista a Branca Viana fez com a Vanessa. Ouvir as histórias que essa juíza lida no dia a dia dá um frio na espinha e, de fato, pode te deixar sem dormir. Mas é preciso parar para pensar sobre esse tema espinhoso que é o acesso às redes sociais por parte das crianças e adolescentes. Eu diria que esse é o melhor episódio desse podcast, que traz tantos outros assuntos e entrevistados interessantíssimos. Dá o play e senta, que o papo é pesado.
Meditação infantil
Da Catarina
É capaz de eu já ter dado essa dica aqui, mas vou reciclar, já que ela voltou a ser usada pra me ajudar a botar minha pequena pra dormir. Não sei se é por causa das mudanças de um ano novo ou da chegada da irmã, mas ela anda meio agitada na hora de dormir. Aí, depois de ler livros e com as luzes já apagadas, volta e meia o que faz ela dormir é essa voz suave e essa batidinha leve aqui:
Episódio da Rádio Novelo
Por Marcela
Uma amiga me passou esse episódio da Rádio Novelo dizendo que tinha mexido muito com ela. Fui ouvir e cá estou eu, passando esse episódio e dizendo que mexeu muito comigo. Ele narra a história de uma mulher que foi fazer uma cirurgia e acabou perdendo todas as memórias dos últimos 14 anos da vida dela. Ela acordou sem saber quem era aquela menina de 12 anos - sua filha - e olhando praquele cara aleatório que ela tinha recém conhecido numa entrevista de emprego - seu marido - e tendo que viver uma vida cercada por íntimos estranhos. Me fez pensar muito em quem eu era há 14 anos e como eu ficaria se acontecesse isso comigo. E também na barra que foi para essa filha, esse marido e os demais familiares e amigos dela. Vale ouvir!
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Minha mais nova já chorou me pedindo pra comprar uma chupeta e pergunta sempre pq ela não pode ter uma mamadeira. De fato, de várias coisas que eu imaginei que poderia traumatizar minhas crianças essa me pegou desprevenida.