Divinas Tretas #57
A treta de pedir desculpas, da fada do dente, das surpresas das férias e de ser simpaticona.
Jingle Bells!
Já é quase Natal na Leader Magazine, mas nós mães, moradoras da cidade do RJ, nem precisamos do clima natalino para que seja instaurado o caos em nossas vidas. Basta ter as crias em casa porque a escola não tem água num calor de 100 graus na cidade maravilhosa mesmo.
Ces tão boas? Por aqui seguimos na mais perfeita desordem com nossas questões como ser simpaticona com adultos, férias com crianças e suas surpresas e reflexões, a fada do dente moderna e um papo sobre pedir desculpa para as crias.
Esperamos que seja uma leitura tão gostosa quanto é para nós escrever.
Um beijão!
Me desculpa
Passando os 7 anos do meu filho me vejo tão acostumada a certas situações que fica difícil relembrar que um dia isso foi uma dificuldade ou um aprendizado, como por exemplo: pedir desculpas pra criança. Encontrei aqui um rascunho de texto de 2022 com esse tema e já me parece uma vida inteira atrás.
Pra mim, pedir desculpas sempre foi muito desafiador. Eu poderia até reconhecer internamente que tinha errado e tentava de alguma forma expressar isso pro outro e remediar mas chegar a de fato falar: “errei, me desculpa”, não, isso não era possível, até fisicamente impossível, parecia.
Até que me vi responsável por educar uma nova pessoa, um projeto de homem adulto, aparentemente cisgênero heteronormativo, o “topo da cadeia alimentar” e esse era um dos muitos pontos que eu quis investir meu tempo com ele, o da educação emocional. Nada mais interessante do que um homem que reconhece tranquilamente que errou.
Busquei me educar, me condicionar a esse novo comportamento, tão necessário pra boa convivência e, ao longo dos nossos anos juntos, percebi que essa é a relação em que tenho mais facilidade pra pedir desculpas. Acho que por termos pouca bagagem, ficou mais fácil de iniciar e manter novos padrões. E os resultados têm sido tão bons, tanto pra mim, que consigo sentir mais leveza em reconhecer o erro, pedir desculpas e seguir com a vida, sem ficar remoendo aquilo, tanto pra ele, que percebo, também experimenta essas sensações.
A sociedade adultista que a gente vive pode até questionar essa “perda de autoridade” do adulto que se coloca na altura da criança e pede desculpas, que espera da criança um perdão de algo. Acho meio triste pensar assim, vejo ainda tantas crianças sendo tratadas como subalternas e culpadas pelos destemperos e erros dos adultos, o famigerado “olha o que você me fez fazer!”.
Espero seguir nesse caminho com o Tutu, vendo cada vez mais brotar nele (e em mim) as sementinhas que plantamos juntos nesses sete anos.
Era só um dente
Tinha tudo pra ser algo tranquilo. Gente, é a fada do dente. Um fluxograma que funciona simples na minha cabeça: dente cai > criança coloca o dente debaixo do travesseiro > a fada coloca uma moeda em troca do dente.
Tudo no esquema, né?
Mas hoje em dia coisas que eram tão simples são problematizadas de uma maneira tal, que chega a ser inacreditável.
Primeiro ponto: a fada não faz PIX.
Realmente essa coisa de ter uma moeda para dar pra fada pode parecer bobeira, mas eu NUNCA tenho! Quando Bento e Alice vieram ambos com os dentes moles pra minha casa é óbvio que fiquei rezando pra cair na casa do pai. A questão é que o primeiro dente da Alice já caiu lá e ele me gerou o segundo problema: a supervalorização da fada.
Quando o dente da Alice caiu, a fada do dente resolveu deixar uma nota de dez reais. Caraca mané! É pra ser um ritual fantasioso ou um investimento através da arcada dentária?
Uma criança tem 20, temos duas crianças. Alô fada do dente, temos aí um investimento de 400 reais pra ser feito na boca desses mini seres!
Achei exagero dar 10 reais, mas ao mesmo tempo não podia desembolsar somente uma moeda de 1 real depois do dente estar em alta na bolsa de valores.
Catei 6 moedas de um real que tinha por aqui e dei pro Bento, que foi o primeiro a figar banguela. Ele ficou bolado que a irmã tinha recebido 10 reais, mas conversei que final de ano é muito dente e a fada tava um pouco apertada e tal…
Quando caiu o dente da Alice, dois dias depois, eu não tinha uma moedinha sequer. A fada deixou um bilhete e a mãe teve que implorar na padaria 6 moedas de 1 real pra cumprir a missão.
Era só um dente e virou a missão da fada supervalorizada e que não faz PIX em pleno 2024.
Na moral, ser mãe é uma aventura maior que a gente imagina, né?
Ficar de boa
Férias com criança têm umas frases que ficam ecoando no ar, parece até que a gente entra em modo repeat e solta assim como se fosse um soluço que não passa. Passei 12 dias falando: "Não corre, tira isso da boca, segura minha mão, me espera, passa protetor, bebe água". Fomos para Alter do Chão, no Pará.
A gente fica esperando pelo momento em que elas estarão dormindo para finalmente se permitir sentir o cansaço que já estava lá o dia todo. Nos primeiros dias, corre tudo bem, só alegria e novidades, mas depois de uns cinco dias (esse tempo varia de família para família) eu começo a sentir a falta que a escola faz. Aquele tempo sozinha, a casa em silêncio, a refeição sem nenhum grão de arroz no chão.
Ainda assim, se alguém me perguntar, eu digo que ficaria mais tempo. Eu gosto desse caos. Eu não amo todos os segundos, mas gosto demais de viajar e agora gosto mais ainda de ver minha filha pegando gosto por isso. Conhecer novos lugares, outras pessoas, experimentar outros pratos, ver outras culturas. Essa viagem fizemos com um casal de amigos que tem uma filha com idade próxima da minha, o que ajuda demais, já que boa parte da animação vem de estar com uma amiguinha.
E mesmo assim, elas brigaram, entraram num looping de competição e comparação. Meu Deus, como é que para isso? Não tem educação positiva que dê conta de resolver a disputa por uma xícara logo no café da manhã. Quem diria que ter apenas louças iguais seria um diferencial para uma locação?
Impossível prever qual será o estopim da próxima grande disputa, assim como é impossível prever que duas boias daquelas redondas, bem básicas, seriam motivo para brincadeiras sem fim na água. Por mais que a gente tente, toda viagem tem esse aspecto surpresa incontrolável, seja com criança ou sem.
Um dia fazendo muito cocô, outro dia sem fazer nenhum. Uma trilha com novalgina na mochila porque reclamou à noite do ouvido e nunca se sabe no que essa dor vai dar.
Outro aspecto que tem me surpreendido (leia-se: deixado puta) em viagens é a preguiça ou falta de vontade de andar que eles sentem no segundo que saímos de casa. Fico pensando se isso é culpa do carrinho, de ter que andar sempre de mãos dadas na cidade ou se é só uma necessidade de colo que surge em ruas desconhecidas. Não sei, me irrita demais. E parece que quanto mais me irrita, mais eles fazem. Queria uma solução para isso que não fosse levar carrinho ou carregador para todo canto. Mas já vi que não é só comigo, ainda bem. Solução acho que só o tempo mesmo.
Mas a gente também coloca outra frase no repertório: "Vai andando que já já chega" ou "Depois daquela esquina, ou árvore (no caso de trilhas), eu te carrego um pouco." E assim os dias passam, os adultos tentando medir os riscos e controlar os conflitos, e elas curtindo livremente.
No fim, fico com uma imagem no coração: as duas andando sozinhas em direção ao rio. A gente falando: "Nossa, como estão livres!" e eu pensando que existe outra frase que se repetiu na minha cabeça esse ano por muitas vezes: "Minha filha está ficando cada vez mais independente." Por enquanto isso é bom, mas já sinto no horizonte o momento em que isso vai doer. Durante um passeio de caiaque, ela me falou: "Mamãe, um dia eu vou remar sozinha o meu caiaque." E eu disse: "Vai sim."
Mas meu coração doeu ao pensar na minha filha viajando sozinha por aí. Como será a nossa primeira despedida? Como será o seu retorno? Como serão as suas aventuras sem a mamãe por perto? Espero que ela lembre de lavar as frutas antes de comer, passar protetor solar e repelente, não perder documentos, dinheiro, celular e beber água. Do mais, é tudo imprevisível. Como diria a Joelma, o jeito é: "Tomar um tacacá e ficar de boa."
A simpaticona do rolê
Se você tem filho, já deve ter acontecido com você, possivelmente acontece todas as vezes que vocês saem juntos, de algum desconhecido passar e mexer com a criança. De forma elogiosa muitas vezes, chamando-a de princesa ou príncipe, fazendo alguma brincadeira sobre o brinquedo que está segurando ou fazendo alguma graça para criança rir. Qual o problema disso? Uma pessoa sendo simpática e fofa com seu filho? Nenhum, a princípio. A questão é como essa situação normalmente se desenrola.
Pela minha experiência, o que normalmente acontece é que a criança reage não curtindo a brincadeira. Dificilmente - para não dizer nunca - as crianças reagem da forma que a política de boa vizinhança manda e corresponde às investidas do desconhecido. Ficam tímidos e desconfiados, se estavam brincando com o brinquedo param imediatamente e até o escondem do adulto brincalhão. Será que meus filhos são antissociais ou por aí é assim também?
Se o adulto então entendesse o recado, desse um tchau e um sorriso e saísse tranquilamente, tudo bem, todo mundo fazendo seus papéis. Mas o que me incomoda nisso tudo é que o adulto começa a demandar uma resposta social do outro adulto, o responsável pela criança. Aí cabe a você ser a simpaticona do rolê, sorrir, responder minimamente a interação que seu filho não respondeu.
E quando você está sem saco? E quando você está ocupada? E quando você está no meio de uma birra da criança e quer tudo menos mais uma demanda?
Muitas vezes saio de antipática porque não correspondo, ou dou um sorriso amarelo e pouca trela e sigo o meu afazer - resolver questões de ordem prática com a criança ou responder alguma demanda de trabalho no celular, enfim. E deixo o adulto no vácuo. No vácuo que ele mesmo se colocou, ao tentar interagir com uma criança desconhecida.
Que chateação.
No fim, nada contra uma pessoa puxar gracinha com uma criança, eu mesma faço isso. Mas tudo contra o adulto que não percebe limites e demanda atenção ao fazer isso.
Dicas do Peito!
🐣 Com elas (as crias)
O Herói da Cidade
Da Ju
Não vou ser hipócrita aqui e dizer que nunca usei um dos vídeos do Homem Aranha pra tentar convencer o minino a sair da tela ou lembrar de pedir desculpas. Mas se você contar pro Tutu que foi tudo combinado eu vou negar veementemente. Não foi aqui nesse link não, ta….
Arriba!
Da Dani
Que tal um mexicano em casa?
Depois que descobri esses produtos pra fazer mexicano, eu compro direto e faço lanchinho e com as crias.
É saudável e a gente faz um mexicano bem ao nosso jeito. Elas se amarram!
Comprei no Assai, mas vende em diversos supermercados e já vi q eles tem até loja na shopee: https://www.sequoiaalimentos.com.br/
Trilha com crianças
Da Catarina
Não é o passeio mais tranquilo de fazer com elas, mas vale. No fim a gente aprende e eles se divertem e descobrem um montão de coisas novas. Algumas dicas práticas: leve lanche gostosos, fale antes como será, teste o carregador, se possível vá com alguém disposto a carregar, e claro não esqueça da água, do protetor e do repelente.
Fizemos uma de 10km que teria sido bem mais tranquila se nós não tivemos esquecido lanchinhos em casa. No fim deu certo, mas foi “perrenguda” porque a criança sente que você fica irritada e fica também. A solução foi o pai voltar correndo pro início da trilha e comprar guloseimas na comunidade. A sorte é que o pai conseguiu fazer isso relativamente rápido e que no meio da trilha tinha um super igarapé pra dar aquela revigorada e acalmada nos ânimos.
Hora de separar brinquedos para doar
Da Marcela
Natal chegando, novos brinquedos certamente chegarão aqui em casa com os presentes. Hora de dar espaço pra essas novidades, o que contribui para o clima de fim de ano, de deixar para trás o que não está mais sendo útil e renovar as energias. Nem sempre separo brinquedos para doar na presença das crianças, por uma questão de praticidade, mas curto a ideia deles participarem. Então vou tirar um dia (ou alguns) antes do Natal para separar brinquedos que caíram em desuso para doar. Aproveite essa energia também!
💃 Sem elas (as crias)
Chama que vem
Da Ju
Para as jovens (ou nem tanto) místicas e bruxonas que somos, indico uma vivência criativa para planejar 2025, com a Lívia, da Amartt. Ela convida ‘‘pensarmos e intencionarmos como desejamos um novo ano. A Oficina de Metas CHAMA QUE VEM é mais do que fazer metas, é sobre mergulhar para dentro e extrair os desejos mais sinceros do coração. Criatividade e Autoconhecimento andam de mãos dadas nessa vivência que promete despertar sua maga interior para te trazer mais clareza e foco no que quer realizar em 2025.’’ Saiba mais Aqui. (e se for se inscrever, fala que é amiga da Ju Sobral que ela vai ficar toda feliz!)
Porque a GG tá na área!
Da Dani
Pode dica musical novamente? E pode Glória Groove de novo?
Agora é a vez da parte II do Serenata de Amor e as músicas estão igualmente fantásticas!
Sábado fui ao show que foi maravilhosamente bem feito e ela simplesmente arrasa! Uma das artistas mais completas da atualidade!
Vale a pena conferir no Spotify:
Disclaimer
Da Catarina
Essa série me pegou de um jeito que eu tô até hoje pensando nela. Já acabei há umas 3 semanas e ainda tô pensando. É uma mini série baseada em um livro, dirigida por Alfonso Cuarón e estrelada por Kate Blanchett. Não dá pra falar muito da história sem dar spoilers, mas fala demais sobre feminismo e maternidade. Está na Apple TV e eu acho que é obrigatória para toda mulher, em especial para mães de meninos.
Black Friday e a compra por impulso
Da Marcela
Essa Black Friday (que no Brasil dura um mês) tá acabando comigo. O algoritmo anda melhor que nunca e só me oferece coisa que me interessa. Com medo de comprar coisas por impulso, decidi fazer carrinhos nas lojas que me interessavam e não finalizar compra por alguns dias. Assim, pude esperar a poeira da empolgação baixar e ver o que realmente se mantinha na minha mente. E pude também contabilizar o gasto total de tantas lojinhas interessantes, que às vezes é tiquinho aqui, um pouquinho lá e no somatório seu cartão vai às alturas!
🎶 Já conhece as nossas playlist no spotify?
→ Para ouvir sem as crias
→ Para ouvir com as crias
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Fiquei com a imagem mental da fada do dente apertada. Fim de ano não tá fácil pra ninguém mesmo kkk