Olá, Divinas! Como estão? Sobreviveram às férias? Muitas mudanças para esse segundo semestre?
Por aqui, temos novidades. A nossa amada Treteira
precisou fazer uma pausa na news por motivos pessoais. Sim, vamos sentir muito a falta dela e aproveitamos para agradecer a colaboração dela aqui na Divinas. Valeu demais Pri!Além disso, decidimos que agora os envios serão mensais, pois o peso de outros projetos, trabalho, família e tudo mais bateu para geral.
Bora conferir o que rolou nesta edição? Falamos sobre amizade, sono, solidão, passado e presente. Demos dicas de séries, livros, eventos, planta e etc.
Desejamos uma boa leitura e um excelente recomeço de ano.
Um livro dentro de um livro
Eu adoro receber gente em casa. Quando fizemos a reforma no “apezão” (apelido da nossa casa atual, a anterior chamava “apezinho”) pensamos em ter uma estrutura legal para receber amigos e família. Temos uma varanda ampla, churrasqueira, sala de estar, uma cozinha bem convidativa com janelão pra sala de jantar. Só falta mesmo é ter ocasião, disposição e alinhamento de agendas pra que rolem mais encontros lá.
Falando de um desses encontros, no último sábado (27/07), recebi um tanto dos meus mais queridos amigos pra celebrar mais uma volta ao sol. Dessa galera, uma parte que me conhece desde que nasci, outra parte viveu comigo a adolescência e juventude e ainda teve quem veio pro meu coração de presente com o Tutu.
Eu amo ver os grupos se aglutinando e também se misturando ao longo do dia, novas amizades surgindo, entre adultos e crianças. Inclusive, eu brinco (mas é meio a sério) que as crianças são minhas reais convidadas e os pais e mães só ganham direito de participar porque elas ainda não podem vir sozinhas. É cansativo mas também delicioso ver a criançada correndo, bagunçando, interagindo por ali.
Uma dessas amizades profundas e recentes é a da Pri, essa aqui do Divinas Tretas mesmo. E ela chegou na minha porta, com a Flora-unicórnio numa mão e na outra o presente, já dizendo “é um livro dentro de um livro”. Na hora não entendi muito bem, mas depois que todos saíram eu peguei o livro com calma e entendi. Ela escreveu por quase todas as páginas, pequenas marcações, sublinhados ou grandes comentários.
Eu amei. Real. Eu amo conversar com ela e assim, agora tenho uma Pri aqui na minha cabeceira pra me inspirar, emocionar, confortar, apoiar. O livro foi “Jamais peço desculpas por me derramar” da poeta Ryane Leão, do @ondejazzmeucoracao.
Nessa edição não temos texto dela, uma pena pra nós, que tanto amamos lê-la. Mas é essa pausa que o momento dela pede. É gigante essa força de se perceber e pedir tempo, se recolher, se olhar, se cuidar e deixar ser cuidada. Ela que tem tanta história em pouco tempo nessa terra, que inspira mesmo sem saber.
Obrigada por esse presente, Pri, não só o livro mas o presente que é sua presença, que é poder te chamar de amiga. Ter você por perto em tantos momentos é a real riqueza. Jamais peça desculpas por se derramar.
Cheia de mim
Por toda a minha vida lá depois que comecei a namorar eu nunca estive sozinha. Ficava solteira, não namorava, mas entre uns rolos e outros eu sempre tinha alguém.
Já teve dias de eu chegar em casa e realmente me questionar pra que raios eu saí para aquele encontro péssimo, com um cara escroto e papos beirando a intolerantes.
A gente se submete a cada coisa com o medo de ficar sozinha, não é mesmo?
Ao mesmo tempo que os homens aparecem com cada exigência surreal e você fica pensando onde que esses caras compraram as autoestimas deles. Uma de cada por favor!
Quando eu era mais nova eu via como segurança e achava que esse tipo de cara era o máximo por estar cheio de si, parte porque a sociedade vende essa imagem, parte porque minha autoestima era uma bosta e parte porque eu acreditava que precisava desse tipo de coisa para não se sentir sozinha.
Estar sozinha aos 40 é uma outra vibe.
Ainda existe uma pressão social giga para estarmos com alguém, não estarmos sozinhas, namorarmos e o escambau, mas muita coisa mudou desde que eu estive solteira “xóven” e agora uma loba solteira.
Eu costumo dizer que estar solteira ultimamente está insalubre. É um cardápio de homens que já eram ruins lá a alguns anos atrás, mas que agora ganharam nova roupagem redpill, heterotop e tudo mais que um macho hétero de ruim pode ser.
A maturidade nos faz valorizar momentos sozinha. E ainda mais eu, mãe de três, aprecio muito a momentos comigo mesma, só ouvindo minha própria voz e pensamentos.
Uma mãe solteira que compartilha a guarda aprecia os momentos à sós só para ir e vir, tomar um vinho sozinha, ver uma série sem ter que interromper um tempo todo...ai que delícia!
A verdade é que a gente não precisa estar sozinha, mas se estiver também é uma beleza. Significa que estabelecemos o tal padrão de seletividade que a Hana Kahlil publicou : (
Sinto falta de um chameguinho às vezes, coisinhas de casal, mas venhamos e convenhamos, que, nos dias de hoje, com vibradores e uma liberdade sexual ainda maior, podemos ficar sozinhas e muito bem, pois não há por que nos submetermos a machos “cheios de si” que teimam em criar listas e mais listas de exigências que eles mesmos não atenderiam nem a um décimo delas.
Vai ser difícil conviver com um cara cheio de si, porque agora quem tá cheia de mim sou eu mesma.
Já tá sol
Aqui em casa, a gente gosta de dormir; a gente, eu e meu marido. A minha filha gosta, mas não dá para dizer que é uma dorminhoca, talvez ela seja quando crescer mais um pouco. Agora, com quase 4 anos de vida, me vejo dormindo mal novamente. Mais uma das tantas variáveis inconstantes da maternidade: ora você dorme bem, ora você dorme mal. Sinceramente, achei que passaria depois dos dois anos, mas não passou; espaçou e melhorou um tanto.
A nossa história de sono começa com a cama compartilhada com um berço acoplado ao lado da cama até uns 6 meses. Nessa época dormir por mais de três horas seguidas era um luxo. Depois, compramos um colchão de casal para ela e nos revezávamos para dormir com ela. Com um ano, aos poucos voltamos para a nossa cama e ela dormiu na cama dela sozinha. Sucesso. Durou pouco. Depois dos três anos, aos poucos ela foi voltando para a nossa cama. Sempre tem um contexto que favorece isso: uma viagem que nos força a dormir no mesmo quarto, o pai que vai viajar, uma virose... enfim, uma coisa leva à outra e, quando você vê, está acordando toda dolorida como se tivesse lutado a noite toda, porque você lutou mesmo: lutou para não cair da cama, para não levar chute no estômago, para não morrer sufocada pela barriga da sua filha.
Como pode que essa criança grande, que já sabe se limpar e descascar a própria banana, ainda sinta necessidade de vir dormir com a gente? O que será que pesa tanto para eles na hora do sono? Aqui, a noite invariavelmente segue esse roteiro: no meio da madrugada, ela chega como quem veio apagar um incêndio dentro do nosso quarto. Pá. Abre a porta e vem escalando por cima de mim na cama, aterrissa seu corpinho pesado bem na minha cabeça, tentando se fazer caber no meu travesseiro e a mão vai lá para o meu sovaco.
Nos dias em que ficamos só assim, em pouco tempo ela dorme e, aos poucos, eu vou me desvencilhando dessa arapuca mirim. Mas tem dias em que a mãozinha no sovaco parece uma garra de preguiça e o corpinho pesa de um jeito que não aguento respirar. Ela não para de se mexer e eu começo a perder a paciência. Nesses dias, o caos se instala tal qual fogo em dia seco. Ele se alastra e até a cachorra, que dorme pesado, acorda com a confusão de choro, gritos e portas batendo.
Meu sono vai embora antes mesmo do sol raiar, mas eu reluto em sair da cama. Fico lá, paralisada, esperando um milagre que me dê uma noite digna e completa de sono. Ele não vem. Levanto com a pequena falando: "Já tá sol."
Essa frase, que ela aprendeu há mais de um ano e repete todo dia ao levantar a cortina para nos provar que o sol raiou e, portanto, é hora de acordar. Agora é lavar o rosto e torcer para os astros conspirarem a meu favor na próxima noite. Tem noites que ela dorme direto e eu que preciso acordá-la para ir à escola. É contar com a sorte e persianas que escondem o sol.
Penso nas mães e nos pais que disputam olimpíadas, que bom que eles podem dormir sem suas crias antes da competição. Seria desleal demais se fosse o contrário. Se dormir bem fosse um esporte e cada fase do filho fosse uma competição, eu diria que agora, em vista de tudo que já passamos, somos medalha de prata. Para o ouro, falta constância no sono completo e dormir para além da hora do sol sair.
Reflexões sobre uma antiga versão de mim
Esses dias eu estava organizando os livrinhos das crianças quando achei, enfiado no meio deles, um antigo caderno meu. Como ele tem uma capa com uma ilustração colorida e divertida, foi facilmente interpretado como um livro infantil e acabou indo parar lá em alguma arrumação. Abri o caderno para ver o que tinha nele. Pelas anotações, reparei que ele era um caderno meu de muitos anos atrás, de pouco antes de eu ter filho.
Uma coisa me chamou a atenção: as anotações eram de naturezas muito distintas. Tinha nele anotações de algumas aulas de história da arte do meu mestrado, esboços de uma ideia para um roteiro de filme, tópicos de uma reunião para elaboração de uma revista gastronômica da qual fiz parte um tempo, uma ideia de projeto de um restaurante, informações dos primeiros parceiros comerciais da minha empresa então recém-começada. Caramba, quanta coisa! E que pluralidade! Esse caderno sem dúvidas estava sem nenhuma unidade temática.
Aquela profusão de ideias me soou como algo de gente muito jovem, com mil coisas na cabeça, quase nenhum foco e muita paixão em tudo. Foi quando percebi que eu não era tão absurdamente mais jovem assim. Aquele caderno devia ter lá seus 7 anos, pelos meus cálculos.
Então era isso: há aproximadamente 7 anos eu nutria uma infinidade de planos e conduzia alguns deles com uma paixão invejável. O que mudou em mim de lá pra cá que me deixou tão menos disposta?
Foi quando percebi que de lá pra cá tudo mudou - ou pelo menos muita coisa. Tive dois filhos, a empresa deixou de ser mais um dos planos iniciais num caderno e virou uma fábrica com funcionários e muitas demandas.
Minha disponibilidade para levar a sério tantas coisas sem dúvida diminuiu drasticamente. Minha ingenuidade também.
Mas, no caminho da autocrítica, percebi que aquele desfoque todo trouxe muitas coisas pra minha vida. E refleti que planos de vida são mesmo inconstantes, metas se modificam, ideais se desconstroem e novos se constroem. A vida é mesmo um grande movimento e aprendizado. Outras coisas seguem imutáveis: espero que eu ainda conserve um lado que me interessa daquela época de potência criativa, talvez de forma um pouco mais focada - ou não. Tudo aquilo me constituiu e me fez virar quem eu sou hoje em dia, ao mesmo tempo que tudo aquilo me revela algumas características que não quero mais ter.
Lembrei daquele ditado budista que diz: aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido.
Dicas do Peito!
🐣 Com elas (as crias)
Espírito Olímpico
Da Ju
Eu amo essas épocas de grandes eventos esportivos. Na medida do possível, paro tudo para acompanhar todas as competições em que tenham brasileiros. Como aqui não temos sinal de Tv, estou muito feliz que a CazéTv esteja fazendo uma cobertura completa e gratuita no Youtube. Tem tudo lá! Aqui em casa estamos o dia todo com alguma tela ligada e acompanhando os esportes. Tem sido uma ótima oportunidade de conversar sobre vários assuntos com o Tutu, como importância do treino, de valorizar as conquistas, de apoiar os atletas, tanto dos jogos olímpicos quanto dos paralímpicos. É inspirador, ele até já falou que quer ir competir numa olimpíada!
Quintal da Lapa
Da Dani
Pra as mães e pais que curtem um samba como eu, o Quintal da Lapa fez uma edição com brinquedos e área kids e foi muito bacana. Não sei quando vai rolar a próxima, mas vale a pena ficar de olho no instragram para apreciar um sambinha com as crias: Quintal da Lapa
Planta Carnívora
Da Marcela
Comprei um vasinho de uma planta carnívora aqui pra casa e está sendo um sucesso absoluto com as crianças. A atividade parcialmente sádica de tentar colocar uma formiga para a planta comer é um entretenimento e tanto pra turminha. Vale a pena ter uma!
Almofada para viajar de avião
Da Catarina
Comprei essa daqui na amazon e foi ótimo pra garantir mais espaço pra pequena e eu também consegui aproveitar. Tranquilo encher na boca e depois só esvaziar na hora de pousar e guardar na mochila ou mala.
💃 Sem elas (as crias)
Séries que eu vi esses dias
Da Ju
Nessas duas semanas de férias eu tentei me desligar geral do mundo das redes sociais e mergulhar numas séries que tava querendo ver mas andava sem tempo. E olha, 10/10! Reforço a indicação da
na Edição #31 de “The Bear” (agora chegou na Disney+ e já vi até a 3ª temporada), atuações incríveis de boas de personagens atormentadíssimos. Já pro lado das comédias mais leves, indico “Only murders in the building”, também na Disney+, que traz um trio improvável de fãs de podcasts de true crime que se vêem envolvidos em um crime real e passam a criar seu próprio podcast. Muito levinha, apesar do tema central ser morte, uma maluquice cheia de participações especiais, eu adorei.
Dani Sambando por aí
Da Dani
Por falar em samba, conheci um instagram de uma mulher incrível que conta a história de vários dos sambas. A minha xará é incrível e dá vontade de assistir todos os vídeos para saber um pouco mais dos bastidores dos grandes sambas: https://www.instagram.com/danisambandoporai/
Graphic Novel Fun Home
Da Marcela
Li recentemente uma história em quadrinhos (de alguma forma em português isso soa como gibizinho da turma da Mônica, HQ soa como quadrinho de super-herói, então tenho preferido o termo em inglês “Graphic novel”) chamada Fun Home, da Alison Bechdel, que achei uma baita duma leitura. Quase não leio quadrinhos, mais por falta de conhecimento mesmo do que por qualquer coisa, e essa me empolgou de colocar mais deles na minha lista de leitura. Nesse relato autobiográfico, Alison narra sua relação com seu pai, um homem bastante controverso e que reprimia sua homossexualidade, enquanto conta como se descobriu lésbica e saiu do armário. Recomendo demais!
Oração para desaparecer
Da Catarina
Minha leitura de férias foi um livro do clube do livro, Oração para Desaparecer, da Socorro Acioli. Achei a história envolvente e de uma criatividade e brasilidade tremendas. O livro fala sobre uma ressurecta que nasceu de novo em Portugal e não consegue se lembrar do seu passado. É sobre relacionamento, família, religião, lugares e ficção. Enfim, se você quer um livro que te faça pensar sobre a vida, dar uma viajada e te prenda do início ao fim, eu indico demais.
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→ Para ouvir sem as crias
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Edição levinha e gostosa de ler temas diversos. Agradeço a oportunidade de compartilhar a maternidade com voces! Obrigada Ju pelo texto. fico honrada em ser considerada por voce como uma amiga próxima. Amo vcs e seguimos !
Li o texto da Dani e fiquei pensando no termo "mãe solteira", que era uma péssima forma de aludir às mães solo. Pensei aqui que devíamos é repaginar esse termo, não mais para definir mães solo, mas como dani colocou no texto ali, um "mãe solteira" no sentido de "mãe & solteira", uma mulher independente, que sabe estar só e não depende de homem merda pra se sentir completa, curtindo essa fase da vida.