Divinas Tretas #2
Sobre o sorriso que não paga tudo e a conta que não fecha. Dicas do peito do Rio e do mundo. Afinal, nem tudo é treta. Ou é?
Antes de tudo, muito obrigada por estar aqui!
Aviso: tudo que estiver em azul é link (pode clicar).
A treta de não saber mais quem eu sou depois de virar mãe
Não sei se você que me lê é mãe. Se for, me diz se isso ressoa em você, se não for, fica até o final e me conta se já tinha pensado que isso poderia acontecer a alguém próxima a você.
Mas basicamente o que me aconteceu foi: a pessoa que eu levei 30 anos pra construir morreu.
Talvez tenha sido de um dia pro outro, no momento exato em que vi o Tutu, talvez tenha levado 9 meses de barriga, ou até as primeiras semanas de puerpério mas ela se foi, e eu não vi que ela tava indo. Quando me dei por mim, tava habitando um corpo que me era estranho e tendo pensamentos que não reconhecia.
E aí eu me vi tentando entender quem era essa nova Juliana, essa que convivia com as mesmas pessoas e muitas outras novas (alô grupos de mães <3 ), que usava as poucas roupas que cabiam do guarda roupa que a falecida tinha deixado e, que trazia consigo pendurado no mamá um bebê fofíssimo e muito demandante em todos os sentidos (como são todos os bebês).
Busquei a terapia pra tentar ajudar essa nova pessoa a lidar com a ansiedade que vem com a falta de controle sobre as situações da maternidade (que a coitada da falecida achou que controlaria, ô inocente).
Busquei nas amigas “de antes”, que conheciam a falecida, depoimentos de quem ela era, do que ela gostava, o que ela vestia, o que ela falava, pois a nova “eu” não sabia mais de nada que não dissesse respeito ao mundo perinatal.
Busquei experimentar coisas novas, vai que a nova eu gostava! E nisso me permiti conhecer e experimentar, desde outro tipos de sapatos a sensações e lugares novos.
Me lembro muito bem de quando essa jornada de auto-re-conhecimento começou mas não consigo afirmar se já terminou, quase 5 anos depois.
A cada semana vivo momentos e escolhas novas, sigo por caminhos que fazem surpreender a falecida que um dia habitou esse corpo. Tento aproveitar o que essa versão minha de agora pode me proporcionar, pois (agora) sei que ela não durará pra sempre. Pode ser que um dia eu vire mãe de dois e mais essa Juliana de agora irá se ausentar, dando lugar a uma nova versão, que pode ser ainda mais surpreendente pras Julianas que já passaram por aqui.
A treta do nome dos filhos
Ser Priscilla na minha geração significou ter mais 5 outras na mesma sala de aula, diferenciando-se pelo sobrenome. Traumas foram gerados pra vida inteira. Desisti de sempre pedir pra escrever com 2 L's. Quando a pessoa tinha a gentileza de checar, minha resposta sempre era: escreva como quiser. E aí, quando se confirmou menina na ultra, peguei minha listinha (porque sou sim a louca da lista pra tudo) pra relembrar os nomes que mais gostava.
Nenhum dava match mais… Combinamos de que iríamos pensar enquanto cada um fazia sua última viagem pré filha.
Até que um dia disse a ele um nome na mensagem e ele respondeu: estava pensando nesse. Foi perfeito. Nunca havíamos falado Flora antes dela surgir em nossa mente. A sintonia concordava com o momento que vivíamos.
Já o segundo filho, não planejado - lógico - trouxe consigo a incerteza do período que atravessávamos - pandemia, governo desgovernado…
Nada parecia combinar, nenhum nome traduzia essa criança. Critérios? Muitos. Não podia ser nome longo e nenhum que todo mundo estivesse colocando, de simples pronúncia (para que não precisasse perguntar novamente) e, se possível, com um significado importante pra gente. Foram tantos e tantos até que ele nasceu no susto e sem nome. Entre ingênuo e vitorioso, ficou o segundo. Que se chame Cairo. Que? Caio? Não, Cairo, com R.
Mãe de dois: Curtindo uma onda e tomando um caldo ao mesmo tempo
Ser mãe de dois tem sido uma maré louca cheia de emoções. Emoções, na maioria das vezes, maravilhosas, afinal se sentir aquele amor todo uma vez já é estarrecedor, imagine perceber que se é capaz de senti-lo novamente por um novo serzinho, sem deixar de senti-lo pelo serzinho anterior. E os chameguinhos ficam ainda melhores. Agora fazemos o que chamamos de "beliche de colos", em que eu sento na cama e seguro o Tomé, enquanto Eva deita no meu colo logo embaixo do irmão. Ficamos assim, juntinhos, uma delícia.
As emoções não tão maravilhosas assim, no entanto, quando rolam, são como levar um caldo do mar do Rio- moro aqui há 15 anos e sigo levando, meu trauminha pessoal.
São muitos quereres, poucas horas pra contemplar tudo.
Muitas psiqués para gerenciar: a de um bebê, que ainda não entende nada no mundo e precisa ter suas vontades acolhidas com prioridade maior; a de uma criança, que já tem tantas certezas consolidadas acerca do mundo, mas pouca capacidade de lidar com intempéries de qualquer escala; e, LAST BUT NOT LEAST, a sua própria, que tá ali fazendo um malabarismo de forninhos enquanto se equilibra na corda bamba das demandas normais da vida.
E quando todas as necessidades calham de serem incompatíveis, aí é um deusnosacuda!
Nessas horas que aperta, me seguro no fato de que eu e o meu companheiro não fomos os primeiros loucos a ter dois filhos no mundo. A raça humana tá aí sobrevivendo, mesmo que a trancos e barrancos, com famílias numerosas.
Claro que ter dois filhos e querer dar uma criação com apego, disciplina positiva, ações neurocompatíveis, certamente não era o foco dos nossos antepassados, que mandavam um calaboca e uma chinelada e botavam todos os quereres em ordem em dois tempos.
Então a missão (se é que podemos assumir esse fardo) de nós dessa bolha de maternidade e paternidade consciente é tentar mudar a forma de criar essa ruma de criança, acatando os altos e baixos do dia-a-dia e aceitando as pluralidades das suas personalidades.
Então na verdade, quando o bicho pega, me seguro mesmo no companheirismo que por sorte tenho na minha relação, no amor que norteou minha decisão de ter filhos, nas frases inteligentíssimas de minha pequena genial e nos sorrisos deliciosos de um bebê bochechudo que fui abençoada de ter no meu colo.
Sigamos, sem romantizar, mas sem perder a ternura jamais.
(E se isso não é o otimismo de uma sagitariana, não sei mais o que seria)
A treta de acertar
A maternidade é cada vez mais discutida em todas as mídias como algo que aproxima as mulheres que querem ou já tiveram filho.
É aquela famosa cuspida pro alto que cai no meio da testa e vai escorrendo ao longo dos anos.
A treta mais difícil que eu percebo entre todas nós é a neurose de acertar. Sim, a cada escolha e renúncia, tem uma necessidade de estar percorrendo o caminho certinho.
Ah, não é pra isso que servem os manuais?
Taí uma coisa que eu preferi não ler. Preferi não ter regras a seguir para além do que havia aprendido na faculdade, exercício profissional e todas as mães que estavam à minha volta.
Quando vejo uma mãe parafraseando um livro famoso sobre maternidade até me sinto um peixe fora d’água, mas por outro lado me dá um alívio da ignorância.
Preferi percorrer meu caminho e ir fazendo ele de acordo com meu empirismo e um pouco dali e daqui.
Sobre essa necessidade de acertar, eu também tenho. Muitas e muitas vezes eu respondo uma coisa para meus filhos ou tomo decisões que fico pensando qual impacto imediato e futuro daquilo.
Por ser mãe de três e de gêmeos, de vez em quando rola uma pergunta de uma amiga sobre algo, como se minha experiência servisse como algo a se inspirar.
Eu também não sei amiga! E acredite, tenho dúvidas eternas se o que deu certo algum dia realmente tá certo e se pode dar certo com você.
Eu acredito que essa seja uma eterna treta e que não há muito o que possamos fazer: A gente erra mesmo acertando e acerta errando também, e essa é a maternidade real.
O que importa é que a gente fez o que podia ter feito naquele momento.
Ao invés de gastar energia pensando se erramos, vamos aprender a nos perdoar pelos nossos erros, que tal?
Se errar é humano, não há nada mais genuinamente errante que uma mãe. E que bom que a gente erra, porque só erra quem faz.
Vai emprestar sim!
Num sábado qualquer estávamos na pracinha quando chegou um pai cheio de boa intenção e com altas doses de carência, com um mini carro elétrico. O frenesi foi parecido quando uma vez na minha infância lá no interior do paraná os trapalhões foram fazer um show numa praça. Pra quem não sabe, no início da década de 90 isso seria comparável com algum astro do k pop aparecer numa praça do interior hoje, você pode pensar, mas isso é inviável. Era inviável também na década de 90 mas acontecia muito.
Quando o carrinho entrou na praça, alguns pais imediatamente pegaram seus filhos e foram saindo de fininho. Eu entendo e já fiz isso também, mas nesse dia resolvi ficar e ver o que iria acontecer. O caos estava instaurado, as crianças correndo atrás do brinquedo, algumas chorando de leve, outras se jogando no chão, outras batendo e empurrando pra ver quem subia no carrinho primeiro.
O adulto, dono do carrinho, tentou organizar uma fila, não dá pra dizer que funcionou perfeitamente mas trouxe algum senso de ordem pra baderna.
Felizmente a empolgação não é um sentimento duradouro, depois de alguns longos minutos de tumulto geral as crianças foram se distraindo com outras coisas.
A Maya pra minha sorte, não quis ir, nem ligou pro carrinho. Acho que ela ficou com medo do brinquedo gigante que se movia. Me livrei dessa vez mas não por muito tempo, ela tá numa fase de querer qualquer coisa que outra criança tenha em mãos.
Quando começa a disputa por algum brinquedo, eu, como boa mãe de primeira viagem, fico sempre meio paralisada. Não gosto de gritar, então geralmente me aproximo e agacho pra ficar na altura das crianças, falo com a minha melhor voz mansa: Tá tudo bem, agora fulaninho vai brincar.
Porque sempre queremos dar o que é dos nossos filhos para o outro?
Bom, nem sempre sou assim, essa situação do quem vai ceder, acaba variando muito de acordo com contexto e crianças envolvidas. Mas eu diria que na maioria das vezes, faço a moça bem educada e tento distrair a minha cria com outra coisa. O que é altamente questionável.
A real é que muitas vezes só queremos terminar de ler aquela mensagem do zap.
No mundo ideal quando consigo fazer o outro adulto me ouvir ou quando não tem outro adulto envolvido deixo as crianças se virarem um pouco, mas normalmente tenho que intervir porque são crianças e eles não sabem ainda resolver conflitos. Nós também ainda não sabemos nos mais variados contextos.
A dúvida que fica é: emprestar o que é seu é tão natural assim? Deveria ser a regra? Existem regras nesse jogo de quero tudo que é seu versus não quero dar nada meu? Quem é que sabe? Sei que a pracinha é território minado no quesito explosões de sentimentos e emprestar é treta em qualquer idade.
Dicas do Peito!
Com elas (as crias)
Férias de Julho no Rio
Da Ju
Se você tem crianças em casa provavelmente está nesse momento pensando: “o que eu faço com elas nessas férias de julho, minha deusa?!”. Pois não sofra mais! O Instagram @riodecriancas tem muitas dicas pra você, nesses posts aqui e aqui.
Minha bola de puc-puc
Da Pri
Item essencial que sempre indico aos novos pais. Pra mim é dica de ouro.
A bola de Pilates vai servir desde a gravidez, para exercícios de preparação pro parto, durante o parto e, principalmente, pra embalar a cria (a coluna agradece!). Até hoje usamos com a mais velha nas sonecas, quando ela está mais agitada. O apelido refere-se às outras utilidades de entretenimento que ela possui, como segurar a criança em cima e brincar de puc-puc.
Café da manhã no IMS Gávea
Da Marcela
O Instituto Moreira Salles Rio fica na casa que pertencia à família Moreira Salles e que atualmente abriga um museu e cinema com excelente curadoria. Além das exposições, o local tem um jardim lindo e nesse jardim tem uma filial do Empório Jardim, restaurante especializado em café da manhã. Uma delicinha ir com as crianças e ficar nas mesas externas, no jardim, ao lado do lago das carpas. Atenção que o museu só abre de manhã nos finais de semana! Depois da comilança, dá pra andar pelos jardins fazendo identificação botânica e procurando insetos, flores, folhas de formato e cores diferentes. Se tiver uma exposição legal rolando, não deixe de entrar! Crianças nos surpreendem com o quanto podem ser sensíveis à arte.
Piquenique na sala
Da Dani
Quem aí já fez piquenique com as crias? Eu faço quase toda semana!
Minha dica para sair da rotina nos finais de semana e fazer um evento que não requer grande trabalho é fazer um piquenique na sala. São daqueles programas que adultos podem achar que são besteiras, mas que podem gerar memória afetiva para as crias sem muita coisa. Quase todo mês a gente troca a mesa da sala por um lanche no chão como um piquenique.
Toalha e guardanapo dão lugares aos pratos e talheres e sempre enchem as crias de alegria no final de sexta ou sábado. Essa pode ser uma dica de atividade de férias, que pode ser ainda parte de uma festa de pijama.
Troque a mesa pelo chão da sala e faça um piquenique com as crias em casa mesmo!
Inspiração pra brincadeiras faça você mesmo
Da Catarina
Adoro esses dois perfis que dão dicas de atividades com crianças. A Estefi e a Olivia e Zoe. A maior parte fico só salvando e nunca faço, é bem verdade. Mas quando chove ou a criança tá dodói e não pode sair, ajuda muito pegar uma inspiração na internet.
Sem elas (as crias)
Além do Meme
Da Ju
Se você foi fisgada pela narração envolvente e o jornalismo investigativo do Chico Felitti no podcast “A Mulher da Casa Abandonada” considere dar uma chance pro Chico nas duas temporadas de “Além do Meme”. Nessa série, ele viaja por vários lugares até encontrar as pessoas, animais e grupos responsáveis pelos maiores memes brasileiros, aqueles vídeos, fotos e áudios que viralizaram pela internet, contando suas histórias sempre de uma maneira muito humana e sem chacota. Tem episódio emocionante, engraçado, surpreendente, eu adoro!
Kindle
Da Pri
Amo livros e até estão catalogados (outra dica que deixo pra explorar uma próxima vez), mas a praticidade de ler amamentando sem meus dedos ficarem dormentes ou não querer ler porque a criança tá dormindo e eu não quero correr o risco de acender a luz, me fizeram amar usá-lo nestes momentos e me permitiu avançar muito mais páginas do que imaginava. Além disso, consigo converter uns PDFs de artigos que tava afim de ler e achava cansativo no celular.
Documentário Keep Sweet: Pray and Obey
Da Marcela
A serie documental retrata uma dissidência mórmon que aceita a poligamia - nota: apenas homens com diversas esposas, não o contrário. É um estudo sobre o patriarcado e a exploração da capacidade reprodutiva das mulheres. Perpassa temas como alienação religiosa, endeusamento de um líder ditatorial, abuso infantil, então esteja com estômago pra ver e acompanhar. E é estranhamente atual: a seita existe até hoje nos Estados Unidos. Na Netflix.
Atados e Organizar email
Da Catarina
É provável que você não tenha tempo, mas talvez conheça alguém que tenha e quer ajudar alguma ONG ou projeto. Olha que legal esse site com várias vagas para voluntários. Têm para trabalho remoto e também é um ótimo jeito de enriquecer o currículo.
Aproveitando que tá todo mundo voltando pra newsletter, se liga nesse vídeo que mostra como organizar o seu gmail para não ficar aquela bagunça de emails.
Boas vibrações sem crias
Da Dani
Essa treta é para que a gente pare de falar fechar as pernas e passamos a nos conhecer melhor: Nossos prazeres, nossos gostos e nossas zonas erógenas. Se tem uma coisa que eu devia ter descoberto antes de ter filhos e qualquer relacionamento são os vibradores. Existem uma gama de vibradores atualmente, sendo eles para uso clitoriano, vaginal ou anal (e existem aqueles com mais de uma função). O vibrador também tem tem algumas outras funções como: fortalecer a musculatura pélvica, relaxar e chegar mais rápido ao orgasmo. A escolha do vibrador pode ser também um experimento e você pode descobrir se prefere um bullet, sugador, rabbit, dupla penetração - ou todas as anteriores.
Recentemente descobri que até aqueles com aparências mais “inofensivas” como um simples porquinho, pode fazer absurdos com a sua linguinha inquieta. Por sinal, super indico esse modelo que vende baratinho pelo Shopee ou AliExpress. Para quem quiser conhecer melhor, a blogueira Marina Smith fez um consumo investigativo com diversos tipos de vibra aqui
Vamos abrir as nossas mentes e pernas para masturbação feminina e vibrar boas energias com nossos brinquedinhos.
Quer falar com a gente? Mandar sua treta, dica do peito ou só bater um papo. Envia para divinastrestasrj@gmail.com respondemos assim que der.
Obrigada por assinar e ler até aqui. Achou legal? Compartilha vai!
Ainda não tá inscrita? Se inscreve aqui (os envios são quinzenais):