Divinas Tretas #14
Newsletter sobre maternidade real. Com dicas do peito do Rio e do mundo. Afinal, nem tudo é treta. Ou é?
Antes de tudo, muito obrigada por estar aqui!
Aviso: tudo que estiver em azul é link (pode clicar).
Perdi
A virada do ano foi estranha para mim após o velório e enterro de uma tia querida e próxima. Ainda assim, vesti uma roupa nova, passei maquiagem, cozinhei, e arrumei a casa da minha mãe para receber os parentes enlutados.
Achei que esse ano Maya iria aguentar até a meia noite, mas ela dormiu e acordou com os fogos de artifício. Corremos para abraçá-la e desejar feliz ano novo.
Queria ficar ali no quentinho da cama dela, mas como mulher cabe a mim e às outras mulheres da família deixar a casa limpa antes de dormir.
Pelo menos hoje em dia alguns homens, os mais novos, levantam e ajudam também. Mas os mais velhos nem se mexem, alguns não são capazes nem de levar o próprio prato até a pia.
É um péssimo exemplo para os menores, porém não tenho forças para militar em festas de final de ano.
Minha tia foi embora de supetão, um câncer avassalador chegou e a levou desta para melhor, assim espero.
O velório é um rito desgastante. Entendo o seu valor, mas vejo como uma fatiga católica. O adeus final com rezas infindáveis. Já passei por isso algumas vezes e sigo sem saber o que falar nessas horas. A voz não sai, fica trêmula e fora de tom. Prefiro dar apenas um abraço e algumas lágrimas. É interessante ver como o choro, assim como o riso, é contagiante. Uma pessoa chorando convida outras a chorarem também.
Minha tia tinha muitos netos, a maioria com menos de 10 anos. O choro das crianças é fácil e alto. Sem pudor. Ela vem e vai ao longo da despedida. Um esconde-esconde de sentimentos.
Para os adultos é um momento de reflexão e de fofocas. Nos cochichos um tribunal julga o sofrimento alheio: não pode chorar demais mas também não pode chorar de menos. A penitência para quem sai dessa linha fina? Virar assunto no salão de beleza local.
A dor não tem medida, nem regra e nem régua.
O ano virou e o sentimento de perda se intensificou com tantos rituais. Maya a cada segundo é mais uma criança e menos um bebê. Eu perdi uma tia estimada, minha mãe perdeu sua irmã mais próxima, e netos perderam uma avó. O tempo passa mas deixa saudade.
Convivência por conveniência
Uma vez eu recebi de uma grande amiga um seguinte comentário: a pior parte da maternidade é ter que ser simpática.
Achei tão engraçado porque não sou a mais simpática das pessoas, mas como sou super sociável, isso nunca havia sido uma questão…até a mais velha entrar na escola.
Foi Sofia entrar na escola e mesmo, com toda a minha sociabilidade comecei a ter resistência a ter que conviver com determinadas famílias. Aquela convivência por conveniência, sabe qual é?
Não existe a possibilidade de você ser mãe e não conviver com as famílias dos amigos dos seus filhos uma hora ou outra (a não ser que seu filho seja criado numa bolha), porque seu filho vai querer que você conviva!
São festinhas, encontros, e tá você lá em cada saia justa…
Conviver em sociedade é conviver com o diferente, lógico.
Mas essa convivência às vezes tão próxima de pessoas que você não conviveria em outras situações é algo que realmente tira toda minha sociabilidade do prumo.
E lá estava ela, as últimas eleições, para provar que realmente essa socialização por conveniência estava indo longe demais.
- Ô mãe, fulaninho falou que a mãe dele falou que o Lula é ladrão.
- Avisa pra ele que roubou nosso coração.
Tudo por uma boa convivência apesar da inconveniência…aff!
Sem medo de ser feliz
Pode parecer meio doido isso, mas parece que durante os últimos anos eu vivi “segurando a respiração” da felicidade. E desde a última semana, desde o dia 01/01/2023, eu sinto que soltei o ar, e respirei acima da superfície novamente.
Me lembro do abraço apertado e choroso que dei no meu filho, no final do domingo de eleição em 2018. Da frase repetida no ouvidinho dele: desculpa, a gente jura que tentou.
O sentimento de medo que me invadiu, constante, real, e também o medo pelos meus, pelos que eu não conhecia, pelos desafortunados, pelos minorizados.
Pessoalmente, nós três, nosso pequeno núcleo familiar, tínhamos uma certa segurança (pessoas brancas, heteronormativas, com teto, emprego, comida na mesa, escola particular etc etc etc), mas em muitos muitos muitos momentos ela foi ameaçada, seja no frequente fantasma da privatização da empresa pública em que trabalho, seja com a demissão do meu marido com a justificativa de “corte de custos” ou pela insegurança geral pela covid e a maneira como o (des)governo federal lidou com a pandemia.
Eu não vou me estender aqui descrevendo todas as outras inseguranças que nós como sociedade e país passamos nesses últimos anos, pois quero também te poupar dessa bad e dessa ansiedade, mas nós sabemos, eu e você, o quanto tememos por nossos amigos e também pelos desconhecidos negros, mulheres, LGBTQIAP+, refugiados, crianças, idosos, desempregados, neurodivergentes, com deficiências, enfim,
se você tava prestando atenção dificilmente tava bem de cabeça.
Eu sentia um medo de ter esperança, de acreditar numa melhora da vida em geral que poderia ser desfeita a qualquer momento, por um capricho ou interesse escuso do líder da nação.
Mas tive aquela sensação física do suspiro de alívio, ao ver o Lula cercado de brasileiros representando grupos importantes do nosso país. A gente, povo, não tá mais ao deus-dará. E podemos seguir, juntos, superando esse medo de ser feliz que nos rondou.
(Não vou ser aqui a Pollyana achando que virou o ano tudo = vai melhorar, pois já vimos nesse domingo 08/01 que vai piorar bastante antes de ter qualquer melhora. Mas tá tão gostoso ter esperança de que o governo vai voltar a atuar como deveria… )
Elogie sua criança
Na parentalidade cheia de métodos e de certos e errados tem essa história de que não se deve elogiar uma criança pura e simplesmente por um desenho ou um feito seu. Deve-se, ao invés disso, encorajá-la a melhorar ainda mais, perguntando-a sobre o processo, indagando se ela está satisfeita com o resultado, fazendo-a trazer ela mesma sugestões de possíveis melhorias para um futuro projeto.
Assim, estaríamos contribuindo para uma criança menos dependente da aprovação do adulto, que tenha em si mesma uma autoaprovação e também uma autocrítica no limite suficiente para faze-la melhorar suas qualidades. Da mesma forma, não se deve elogiar uma qualidade da criança (você é inteligente! Você é linda!). Fazendo isto estaríamos aprisionando a criança num rótulo, que ela poderia passar a se esforçar para cumprir, sob pena de perder a aprovação dos adultos. Então convencionou-se que o certo seria elogiar atos de esforços. "Você deve ter se esforçado muito para chegar a essa conclusão, parabéns! Você acha que esse pensamento foi inteligente?", devolveríamos à criança, para que o elogio de inteligente venha dela, para ela. "Você parece ter escolhido sua roupa com muito afinco. Você acha que ficou bonita com essa cor e modelo de roupa?", falaríamos para que a autoestima da criança não passasse pelo olhar já repleto de padrões de beleza do adulto.
Pois sabe o que penso disso?
Que é terrível. Explico.
A questão é que, convenhamos, todos nós (salvo raríssimas exceções que ainda não tive a oportunidade de ter como amigos) temos algum problema de autoestima. Em maior ou menor grau. Todos nós sentimos falta de perceberem o valor de um feito nosso ou de uma característica da nossa personalidade. Todos nós gostaríamos de receber mais elogios. Ousaria dizer (e posso estar equivocada, falando apenas da minha experiência) que fomos todos muito menos elogiados do que deveríamos.
Seja pelas nossas famílias, ou pelos professores da nossa infância, ou pelos amigos receosos em demonstrar admiração em demasia. Porque sim, somos uma sociedade que tem vergonha de elogiar. E consequentemente não sabemos como lidar com elogios. Essa é uma dinâmica da nossa realidade que dispara todo tipo de problemas, desde autoestimas frágeis a joguinhos de relacionamento em que um não quer demonstrar o quanto o outro é importante para não sair de bobo.
E não vamos ser ingênuos: mesmo sem elogios, somos seres sociais. Buscaremos a aprovação do outro em muitas situações.
Nos comparamos e determinamos o valor de nossas ações baseado no outro. E, na minha opinião leiga, acho que isso só aumenta com a falta de confiança que uma criação sem elogios potencializa.
Parto, portanto, do pressuposto que elogio é fundamental. Crescer sabendo que você é capaz de fazer coisas admiráveis deve ser uma delícia - não foi meu caso e tento a duras penas reconhecer o valor de ações minhas hoje em dia. Se falarmos de meninas, que historicamente crescem recebendo apenas elogios referentes à beleza física quando se encaixam em determinados padrões, isso é ainda mais pertinente. E de crianças pretas, que crescem descrentes do seu valor, ainda mais.
A treta da (sua própria) educação
Levamos a mais velha no primeiro ato de sua vida. Era uma pauta específica, sobre a diminuição da carga horária em escolas públicas de tempo integral. Não sei muito bem o que ela entendeu daquilo tudo, mas através disso - e de outros caminhos - conseguimos um documento oficial que sinalizava a continuidade do período na escola em que ela estuda. Uns meses depois ela assistiu conosco todo o pronunciamento do novo presidente, depois de votar conosco no primeiro e segundo turno.
Eu disse que mesmo que ela não se lembrasse, eu faria questão de contar e recontar aquele momento histórico do qual ela fazia parte.
É difícil não alimentar expectativas quanto a diversos assuntos e nos rodeia, do mesmo modo, o medo de que nossas crianças vejam o mundo por uma lente que consideramos inadequada ou que, de alguma forma, nos fere como pessoas.
Mas, desde que o mundo é mundo a gente discorda veemente de nossos pais.
Estamos aqui pra fazer do nosso jeito, de acordo com as crenças que nos movem, até o momento em que alguém as questiona. E, quando este dia chegar, estaremos abertos à crítica? Ou a altivez da experiência nos fará não ceder e não considerar refletir sobre nossa parcela de responsabilidade na criação?
Penso que como pais de uma geração que, em certa medida, tem tentado contrapor princípios consagrados da educação tradicional, cabe exatamente a nós, também, aceitar o contraponto, o adverso.
Sei lá. A gente sempre pensa (ou tenta se convencer) que está no caminho certo e aposta que no futuro isso vai dar em alguma coisa. No entanto, só nos resta seguir acreditando e esperar o resultado, mesmo que ele venha em doses homeopáticas, como aquele sussurrar no ouvido dizendo que te ama ou que adorou brincar com você.
Não sei do futuro, mas sinto que continuar seguindo meus instintos e o conhecimento que fui adquirindo seja útil a eles e a mim. Porque eu também venho sendo moldada e reeducada cada vez que consigo ter paciência, que não grito ou que decido demonstrar afeto frente a um erro que considero grave e que me tira do eixo.
Preparada não estou, mas sim, sei que fiz tudo que pude com as ferramentas que aprendi arduamente.
Dicas do Peito!
Com elas (as crias)
Piscininha amor
Da Catarina
Não está tão quente quanto gostaríamos mas o calor vai voltar, ele sempre volta. E se você não tem piscina em casa mas tem um espaço, essas piscinas infláveis são uma boa pedida. Esse modelo da foto, é esse aqui e nós enchemos no gogó mesmo. Mas o ideal é já comprar uma bomba pra encher. Cabe um adulto com as pernas esticadas. Criança acho que cabe confortavelmente umas três. Depois é só usar a água pra lavar calçada ou molhar as plantas.
Diversão em Jacarepaguá
Da Dani
O ParkShopping Jacarepaguá inaugurou no fim do ano um parquinho fantástico para as crianças!
O Parque da Magia, é um parque muito lindo e cheio de brinquedos divertidos e muito bem elaborados - alguns inclusive lembram o do Museu da Vida da Fiocruz. No final do ano o parque estava gratuito, pra dar aos frequentadores do shopping aquele gostinho de quero mais, né? Porém, agora para levar as crias para se divertirem precisa comprar um ingresso.
Valores:
Crianças - R$10 (meia entrada com direito a um acompanhante adulto)
Adultos - R$20
A compra deve ser feita através do aplicativo Multi e no Instagram do shopping tem maiores informações.
A magia da infância (edição: Fada do Dente)
Da Ju
Essa semana o Tutuzinho perdeu seu primeiro dentinho e desde que este ficou mole, um mês atrás, ele já vinha alimentando a ansiedade pra chegada da Fada do Dente. Eu sou partidária da Dani nesse assunto e alimento a crença nessa magia da infância. Perguntei pra ele o que aconteceria depois que o dente caísse: “a fada traz uma moedinha!” e assim foi. Como calhou de ser bem nessa noite que ele dormiria na casa dos avós, eu me comprometi a deixar o dente debaixo do travesseiro dele e pedi que ele escrevesse uma cartinha pra fada, pra ela saber que era dele mesmo. Foi tão linda a carinha dele ao chegar em casa pela manhã e ver que o travesseiro estava remexido e tinha uma moeda mesmo! Fiquei muito feliz de poder viver esse momento junto com ele. <3
Creme de Lavanda e Camomila da Fefa Pimenta
Da Marcela
Amo todos os produtos da Fefa Pimenta, (que voltou a vender recentemente após longa pausa), mas um tem meu coração em especial: é o creme de lavanda e camomila. Ele serve pra tudo aqui em casa: assadura, picada de inseto, massagem relaxante, hidratação de áreas ressecadas… acho pura perfeição! Um coringa pras crianças e um xamego olfativo pra mim. Compre pelo site que entrega no Brasil todo.
Ande sem rumo de vez em quando
Da Pri
Geralmente a gente tá com pressa pra tudo e não deixa os pequenos nos guiarem pelo caminho. O tempo todo estamos ditando as regras de onde ir e vir. Então, naquele dia que temos que gastar tempo com eles, que tal aproveitar e sair sem destino deixando que nos mostrem suas descobertas, acertem ou errem a direção e, assim, tornarmos esse momento uma grande brincadeira?
Sem elas (as crias)
Presente Intimo
Da Catarina
Neste natal resolvi comprar um presente para o casal, pensei em algo que pudesse ser bom para os dois e dar uma levantada na nossa vida sexual. Comprei então um trio de lubrificantes da lubs, adorei e ele também. Já tinha usado óleo de coco, mas achei o lubrificante melhor e mais apropriado para o momento.
Prazer feminino ao pé do ouvido
Da Dani
Recebi essa semana uma dica de um clube voltado para o prazer feminino.
O SYS CLUB - Share your sex, é uma plataforma com conteúdos voltados para o nosso prazer: de contos eróticos, conteúdos sobre saúde sexual, guia de meditação à guia de masturbação. Cabeça e corpo sintonizados, gatas!
Atalho pra tirar print no windows
Da Ju
Pode não ser novidade pra você, mas pra mim foi: um atalho bem rapidinho do windows para pegar um print de apenas uma parte da tela do computador e colar em outro documento. Me ajudou muito no meu trabalho, no acompanhamento diário dos figurinos dos programas que vão ao ar na Tv Brasil.
Veja aqui.
Ateliê Manaíra pra cabeleira natureba
Da Marcela
Recentemente resolvi abolir de vez o coque estilo puérpera que vivia em meu cabelo e parti prum corte bem curtinho que não me permite mais prender (nem permite que Tomé puxe meu cabelo o dia todo - motivo número 1 do coque). Confiei nas mãos talentosas da Nina do Manaíra, que propõe um momento de muita troca e sensibilidade para elaborar o corte. Ela ainda faz tratamentos naturais e coloração com henna. Recomendo demais!
Manutenção das amizades
Da Pri
A solidão materna é real. Nossos amigos de antes muitas vezes não estarão mais conosco por incompatibilidade de agendas e possivelmente porque a gente se tornou chatas pra eles. Não é assim com todo mundo, mas muitos relatos vão ao encontro dessa problemática. O que acho válido é, ao menos, cuidar de uma amizades que valha a pena. É cansativo, mas não tenhamos vergonha de demonstrar interesse e necessidade do outro. Escrever sempre, tentar encontrar e perceber caminhos, obviamente, de mão dupla pra essa manutenção. Que ambos se empenhem. Fale sobre isso! Se não, existe um monte de novas amizades que podem surgir. Essa news, por exemplo, só pôde acontecer porque de modo necessário e improvável, nos conhecemos num grupo de whatsapp de mães e deu match.
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→ Para ouvir sem as crias
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